sexta-feira, 17 de abril de 2020

Vida



Há quanto tempo! Quantas saudades... 
Não está sendo do jeito que eu queria mas quantos de nós estamos conseguindo fazer as coisas do jeito que queremos atualmente?
Voltar a escrever é uma urgência, daí fazê-lo em condições que não considero ideais. Então, vamos lá!
Estamos sob um turbilhão de problemas no mundo hoje. Aquela questão existencialista do "de onde viemos para onde vamos" nunca fez tanto sentido! Saiu do quadrado do consultório para inundar nossos dias de isolamento, nossos sonhos e também nossos piores pesadelos.
Quando que em meio aos nossos projetos pessoais pensaríamos ter que parar por algo tão insignificante na natureza, um ser microscópico, e ao mesmo tempo tão importante devido sua capacidade deletéria, e por que não dizer, mortal?
Por conta do tempo estar passando mais devagar, obviamente pela redução das atividades ou mudança de ritmo destas, alguns fenômenos começaram a acontecer, tanto a nível individual, quanto coletivo, e físico, material.
Cada um de nós está podendo observar como essa situação está nos atingindo de modo particular. Podemos observar também como os grupos, as comunidades, os governos, estão funcionando; podemos observar também como a natureza está se fazendo presente, seja nas gramíneas que nasceram entre os mosaicos da Piazze de Roma, seja nos animais selvagens que invadiram Barcelona, seja nos esquilos saltitando nos arredores da Times Square.
Inegavelmente, esse vírus considerado bonito, com um nome quase romântico, veio para nos atingir.
A maneira como ele atingirá cada um de nós em particular, será definida também pelas nossas particularidades. Aqui refiro-me tão somente ao abalo emocional, pois à nível físico sabemos que seu padrão é atingir nosso sistema respiratório.
Bem, voltando ao que me interessa aqui, a observação dessa situação macro em relação ao pequeno universo de cada um. 
Não me passa despercebido, naquilo que eu posso alcançar, as variantes das reações particulares, individuais. Uns com um medo exacerbado, outros num processo de negação, e outros infelizmente sapateando na mais completa ignorância, o que aqui nesse caso, nem de longe é uma benção, visto que os ignorantes serão os primeiros a sucumbir.
Quando o vírus chegou, cada um de nós estava vivendo em seu mundinho, lutando para vencer seus próprios dramas, trabalhando suas dificuldades! Aí veio o vírus e 'disse:' "parem tudo!" E assim estamos tentando sobreviver, e assim estamos nos adaptando.
Imagino como está sendo difícil em particular para os ansiosos, para os controladores, para os poderosos, para os 'donos da verdade' terem que se submeter a esse (co)mando!
Imagino a angústia de quem tem um pouco mais de conhecimento e senso crítico para entender a gravidade da situação ou daqueles que se debruçam noite e dia a estudar medidas para combater esse mal, atestando o nível de dificuldade para achar uma cura ou sequer um paliativo que evite a morte!
A situação que estamos vivendo necessariamente coloca em xeque os paradigmas estabelecidos, para que novos tomem seu lugar. Quem sabe não é o momento de repensarmos nosso rigor, nossas verdades, nossas 'manias' nossas certezas. É isso que do ponto de vista emocional está na pauta. É quase impossível que a reboque dessa tragédia não tenhamos também uma oportunidade de crescimento, e quem sabe, finalmente consigamos, cada um por si, responder a tão intrigante questão, não a nível filosófico mas tão somente a nível subjetivo "de onde vim, para onde vou?"
A propósito, o nome desse texto é vida pois é isso que eu desejo a todos!