terça-feira, 28 de novembro de 2017

Reforma


Parece clichê, por ser quase dezembro, mas não é! Hoje tive vontade de escrever sobre os momentos de nossa vida em que precisamos reformar coisas que já não podem ser adiadas sob pena de colhermos enormes prejuízos em um futuro breve.
Para promover uma reforma em um ambiente de nossa casa ou mesmo na casa toda, temos que, em primeiro lugar, observar o que não está adequado, o que não cabe mais em determinado lugar, o que está em desuso...
Ao promover uma reforma interior, os passos são os mesmos. Primeiramente é necessário atestar o que precisa ser alterado, o que não tem mais o mesmo sentido em nossas vidas, quais objetivos queremos atingir com as mudanças a serem feitas.
A ansiedade do dia a dia não nos permite parar e identificar o que está faltando, o que está sobrando, o que é necessário, o que é imperativo e o que não cabe mais em nós. Passamos os dias ligados no automático sem mesmo avaliar qual o sentido de muitas de nossas ações ou mesmo para onde estamos indo. Deixamos a vida nos levar e não conseguimos realizar metas há muito planejadas. O tempo, aquele que pode correr a nosso favor, ou ser nosso pior inimigo, está sempre atuando e não percebemos; quando vemos, já passou o dia, a semana, o mês, o ano... Inseridos 'adequadamente' em várias situações, não enxergamos nem mesmo as diversas armadilhas que nós mesmos criamos. Como figurantes de um walking dead da vida, vamos andando indefinidamente, caindo e levantando, sem saber para onde estamos indo e onde vamos chegar.
Tudo parte da auto observação. Avaliar nossos atos, o que fazemos, como fazemos, é o começo de todo o processo. Se não conseguimos entender o que nos move, será impossível implementar qualquer reforma. Não podemos esquecer que o movimento também será o de inserção. Devemos inserir o que falta. Sair de onde estamos, mesmo que pareça assustador, é por vezes necessário, é, às vezes, a unica saída para romper com a inércia que domina o cenário. O tempo avança e perdê-lo não é mais conveniente.
Nesse processo, algo pode causar estranheza. Isso porque nos acostumamos com as situações atuais, onde tudo vai ficando muito familiar, daí a resistência de algumas pessoas em mudar. Muitos preferem viver numa situação já conhecida, embora não se sintam felizes e realizados, do que tentar implementar uma mudança que traria uma condição mais feliz.
As reformas, sejam elas da casa ou da vida, são trabalhosas, produzem desgastes e custos, porém a intenção é sempre positiva, é melhorar, é trazer mais conforto, é otimizar o tempo, é fazer a vida atingir um nível mais gratificante. Não tenha medo de avançar em direção ao novo, não tenha medo de ousar, de romper com padrões estabelecidos por quem muitas vezes está distante da própria felicidade. Encontre-se! E desfrute cada momento da nova condição.

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Cuidado Com Os Diagnósticos



Nós psicólogos aprendemos que os diagnósticos não ajudam. Obviamente que a Psicologia, como uma Ciência da saúde, se vale deles e os utiliza, porém, eles não podem ser utilizados para rotular ou limitar uma personalidade ou uma vida.
Muitas pessoas se vêem assustadas quando recebem, de cara, um diagnóstico. Mais ainda quando este refere-se à saúde mental, visto que há, infelizmente, uma tendência quase natural das pessoas ligarem esses diagnósticos, primeira e precipitadamente, à 'loucura.'
Muito se fez e faz, por parte da Psicologia, para descaracterizar e retirar a carga de preconceito da dita loucura. Desde a flexibilização dos diagnósticos até a luta antimanicomial.
Enfim e voltando, há que se ter cuidado em sair por aí, rotulando as pessoas, como se uma personalidade, uma vida, se resumisse a um CID.
O pior é quando o psiquiatra ou psicólogo lança, do alto de seu suposto saber, um diagnóstico e deixa o paciente solto às suas fantasias, obviamente negativas, do que aquilo representa em sua vida. 
Qualquer profissional, mesmo que não seja da saúde, deve presumir que seu paciente ou cliente, não tem condições de entender termos técnicos e descrições científicas. Como um professor que está repassando a matéria ao aluno, o mesmo deve cercar-se de estratégias didáticas que visam permitir a absorção e o entendimento da situação. Não se pode simplesmente jogar "você é um boderline" e pronto! Chega a ser irresponsável tal conduta!
O foco primeiro da Psicologia não é diagnosticar. Nunca foi! Entendemos que as perguntas são mais importantes que as respostas. Sabem porquê? Porque perguntas exploram, ampliam. Respostas fecham, limitam! Diagnósticos, assim, seriam respostas e em nada ajudariam a exploração ampla e necessária das questões emocionais e psicológicas tão importantes que os envolvem.
Ao buscar ajuda terapêutica, o paciente precisa de escuta e apoio para entender o que está obscuro; precisa ser acolhido integralmente nas suas demandas, dúvidas e confusões. O 'lançamento' de um diagnóstico técnico nesse cenário, só o afastará. Na pior das hipóteses, ele mesmo poderá rotular-se e conformar-se com seu 'estado' imutável. A exemplo de um diabético, hipertenso ou cardiopata, que anda com uma 'carteirinha' imaginável que descreve, para ele e para os demais, a sua 'doença' crônica!
Não queremos isso. Não aceitamos isso! Queremos ampliar questões, entender situações. Ajudar aquela vida a retomar o eixo em algum momento perdido. É essa a nossa função. É dela que não devemos nunca desviar.