sexta-feira, 16 de julho de 2021

A Inconstância da Vida, A Imprevisibilidade da Morte e Como a Felicidade é um Luxo



Nestes tempos incertos, onde a vida é uma aposta a ser ou não concretizada, onde a morte vive à espreita como há muito tempo não ocorria, temos que pensar em formas de sermos felizes.

Parece uma sofisticação diante de tantas demandas mais urgentes mas não podemos abrir mão desse direito que temos em relação à nossa existência. Atingindo a totalidade da população do planeta, a pandemia veio para, aos que se permitem pensar, abrir a discussão para novos e necessários paradigmas do que podemos chamar de bom viver.

Ao nos debruçarmos sobre essas questões, ao nos colocarmos frente a esse cenário de tanto sofrimento e dúvida, podemos entender o que realmente importa. Obviamente essa questão é particular, para cada um de nós ela pode significar algo diferente do que é para o outro. Pela característica de ter que ser pensada subjetivamente, existe a necessidade de mergulharmos em nosso ser buscando quais são nossas expectativas, nossas necessidades e nossos desejos. Simples não é, até porque muitos de nós nunca fizeram esse exercício. Tempo temos pois a vida ainda não voltou ao 'normal' e nem mesmo sabemos se isso se dará ou mesmo a que prazo. Resta saber se há interesse e motivação visto que a pandemia nos marcou, quase indistintamente, em alguns momentos, com uma espécie de desânimo. O desinteresse de líderes políticos, as mortes, as dificuldades, o egoísmo de muitos, a desatenção ou mesmo alienação de outros, todo esse cenário concorreu para a formação do estado de como as coisas  se encontram hoje. Nesses tempos sombrios, a felicidade é um luxo quase inatingível, com exceção para os alienados, os que teimam em achar que a vida é uma bolha cor de rosa com ideais condições de temperatura e pressão.

Há a imperatividade de acordarmos! Há a necessidade de pensarmos, por mais que não saibamos por onde começar, por mais que doa, por mais que sugue nossas poucas e restantes energias. Nunca houve tempo a perder mas hoje ele é cada vez mais escasso. Qualquer semana não vivida, qualquer conversa não realizada, qualquer toque não ocorrido pode fazer a diferença. Urge que despertemos para o que realmente importa. Precisamos fazer conexões, tentar pensar, resgatar o sentido da vida e construir um caminho para alcançá-lo. Não há mais tempo para escamoteamentos, para disfarces, para meias palavras, para esconderijos. O tempo é de abertura, de denúncia, de avivamento, de vida. Há que sermos verdadeiros como nunca fomos. Com nós mesmos, com o outro, com a vida!