terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Os Desafios do Dia a Dia



"Todo dia ela faz tudo sempre igual. Me sacode às seis horas da manhã..." Eterno Chico.
De manhã, ao levantar, as  mil tarefas já se apresentam, lembrando o Dino da Silva Sauro: "Querida, cheguei..." É isso aí, não adianta espernear, a vida real chega "de com força" como falou uma vez um amigo de meu filho.
Entra ano, sai ano, vivemos, trabalhamos, viajamos, as crianças crescem - aliás, essa é a parte boa: É maravilhoso vê-los crescer, ficarem lindos - (santa corujice)! Mas, o dia a dia nos engole! Lembro-me que na minha infância, na adolescência, parece que a vida passava mais devagar. Hoje é um corre-corre. Mesmo com toda a organização, o esforço, parece que  não damos vencimento às mil e uma tarefas que temos que realizar. O relógio diminuiu rsrsrsrs...
Procuro otimizar, não postergo coisas a fazer - até porque se assim o fizer, entrarão no tempo de outras - mas mesmo assim é difícil.
No meio dos malabarismos que temos que fazer, algum tempo para o cultivo dos amores e amizades há  que se ter. Amores pelas pessoas e pelo que gostamos. Tempo para os risos com os amigos mais queridos. Tempo para o abraço com o filho. Um fragmento de segundo ali, parados, para (per)durar uma eternidade. Isso que dá sentido à vida. Esse alimento imaterial que nos fortalece e que faz o diferencial entre existir e viver.
Um segredo para desacelerarmos o tempo é viver todos os nossos pequenos momentos em sua completa intensidade. Se estou na cozinha, viver aquilo, se estou escutando minha mãe, dar atenção integral, se estou escrevendo, mergulhar, se estou com um paciente, estar inteira, se estou com um amigo, desfrutar, se estou em uma fila ou em outra situação estressante, observar. E por aí vai...
 E assim mais um dia passa, mais um dia acaba. À espera de outro igual que chegará. Lembro aqui de um comentário desastroso que fiz para meu cunhado "reclamando" que acordava com o barulho dos passarinhos, e ele na hora retrucou: "Poxa, Vera, ainda bem que tu acordas com o barulho dos passarinhos". (Detalhe: Esses passarinhos estão soltos na natureza, não estão engaiolados). Na hora re-signifiquei.  Além de os passarinhos virem espontaneamente, eu poderia estar sendo acordada por alguma dor em meu corpo, por um telefonema portador de uma má notícia, pelo barulho de bombas (não é exagero, neste momento mesmo em que escrevo, infelizmente em algum lugar deste planeta terra tem alguém passando por essa situação). Que venha o dia! E o dia a dia!

Reencontro com a Tribo



Sempre, a vida toda, gostei de escrever. E quem gosta de escrever gosta de ler. Até bula de remédio. 
Em 1995, conheci um livro chamado Livro da Tribo. Era uma espécie de agenda alternativa para a época, pois saía totalmente da apresentação e função sisuda de uma agenda, com ilustrações, textos, frases, poemas e o mais interessante é que a maior parte do material era construída por colaboradores que enviavam para a editora e autorizavam a publicação. Ou seja, material mais vivo que esse impossível! Seria um produto construído a sabe lá quantas mãos! Literalmente falando.
Comprei nos anos seguintes pois me deleitava com os escritos, principalmente quando achava algum com um tom de humor, ou algum que fazia trocadilhos, muito interessantes. O tempo passou e me afastei da agenda. O local onde vendia parou de vender e na ocasião ficou por isso mesmo.
Ano passado, bateu uma saudade/vontade de encontrar o material. De 95 pra cá muita coisa mudou. Agora estamos muito mais conectados (inter- intra e tudo o mais) e aí pra achar foi um passinho. Ou melhor, uns dedinhos no teclado rsrsrs...
A qualidade do material continua a mesma, agora com mais variações de ilustrações e material da capa inclusive com reedições de material antigo. Comprei na hora e ainda comprei para dar de presente para pessoas que como eu, se alimentam de ler, ver, escrever.
Só para citar um pequeno exemplo, vejam essa maravilha:
"O nó na garganta que dá...IV
É, camarada! Desfaz essa cara azeda. Pare de se preocupar com as coisas inúteis que você transforma em problemas. Pare de se deprimir por estar sem dinheiro. Não é feliz por ter que trabalhar no feriado? Por ter que acordar cedo? Por não poder ter tudo o que quer? Pare de procurar o que não possui e, dessa forma, encontrará coisas e pessoas maravilhosas. Mas não demore muito para descobrir isso." Juliane Prestes. Livro da Tribo, edição 2013, p.247.
Acrescentando: "Faça de seu limão uma limonada". Anônimo.

Faça Uma Lista



 

Nós, os seres humanos, reclamamos muito. Pensando bem são poucas coisas que muitas vezes temos que suportar perante todo o sofrimento que existe por aí. Não temos nem noção de quantas pessoas sofrem por coisas muito mais difíceis e sem solução do que aquelas com que nos defrontamos diariamente. Se nos lembrássemos que quase tudo tem remédio, ficaríamos mais calmos e confiantes.
Surgiu-me uma ideia de que em momentos de apatia e desânimo, quando achamos que uma situação ou problema não tem solução, poderíamos listar ocorrências que já enfrentamos e que, apesar de também terem sido difíceis no momento, superamos ou pelo menos passamos por elas. Esse exercício é simples, porém infinitamente eficaz, pois dessa forma nos damos conta de que quando precisamos, sabemos acionar nossos próprios recursos pessoais para lidar – e superar – problemas.
Todos os dias, na prática clínica, deparo-me com pessoas nesse contexto, onde apesar de uma situação difícil ou problemática se apresentar, ainda problematizam mais complicando e assim dificultando sua solução.
Por que nossa primeira tendência frente a um problema é negativar uma possível solução? Certamente não é porque gostamos de sofrer. Nós, os seres humanos, temos uma tendência à felicidade. Queremos e lutamos por ela. Então por que será que agimos assim? Penso que seja porque não conseguimos no momento da situação-problema descobrir nosso “poder” em enfrentar e vencer a situação. E, como em nosso cotidiano não convivemos sempre com alguém que nos indique ou sinalize esse nosso “poder” – as pessoas com quem convivemos podem não estar necessariamente interessadas em nossos problemas -, seria interessante nós mesmos tentarmos uma forma de descobrir esse “poder”. Da próxima vez que você achar que seu problema significa o fim do mundo (do seu mundo) recorra à lista. Tente. E depois siga firme frente à solução.