sábado, 28 de dezembro de 2013

Orgulho e Vaidade.



A característica principal dos sentimentos humanos é sua atemporalidade. Diria que estes surgiram com os neandertais, pois penso ser impossível uma espécie viver 150 mil anos, desprovido de qualquer 'sentimento'; não o mais primitivo de todos, o medo, mas os mais complexos e que hoje caracterizam e definem o homem moderno. Claro que em uma época remota da humanidade, o que prevaleciam eram os instintos, o de sobrevivência destacadamente, em função das inóspitas condições que nossos ancestrais viviam. Antes, estes 'precursores do homem moderno', eram considerados seres selvagens e embrutecidos, porém estudos recentes da Sociedade Americana de Paleontologia, baseados em evidências materiais, sugerem que eles eram muito mais 'inteligentes' do que se previa.
Especulações à parte, sentimentos como o orgulho e a vaidade podem ser observados historicamente com certa facilidade, acompanhando nossa 'espécie' seguramente desde a  Antiguidade até hoje.
Por que nós, os seres humanos, somos afeitos a sentimentos que chegaram a ser considerados como 'os piores vícios da personalidade humana'? Quão dispostos estamos a viver no teatro que sustenta a imagem de felicidade que muitas vezes ostentamos se, no 'porão' estamos fechados e escuros?
No mundo de completa exposição em que vivemos, onde o sucesso parece ser medido pelas opiniões que os outros têm sobre nós, muitas pessoas vivem de aparências enquanto seu interior é corroído por angústias sem fim. Claro, o sucesso atrai e por isso fica estabelecida a questão: Como ser verdadeiro, não se preocupar com as aparências, diante da observação dos que nos cercam? Como escapar do 'julgamento' oferecido pela sociedade (distante) e até mesmo pela família e amigos (próximos) e continuar a refletir o que somos na verdade?
Nesse cenário, parece que o que menos importa é o que sentimos; a tranquilidade interior, a paz, a verdade, o que pulsa em nós; fica valendo o orgulho e a vaidade expressa, verdadeiros ímãs para o individualismo que inevitavelmente tanto nos afastará das pessoas quanto do que nos fará felizes. Enquanto abrirmos mão do que nos alimenta, privilegiando em nossa vida o orgulho e a vaidade, seguiremos cegos em direção ao que não importa, ao que nada concorre para reconhecermos nossas limitações, nossos fracassos, o que poderia nos ajudar no interminável processo de (re) construção na vida. Encarar nossos medos, fracassos e limitações concorre para nos tornarmos verdadeiros, nos fortalecermos, entender que de nada adianta vestir a máscara de falsos 'vitoriosos' enquanto tudo desmorona dentro e em volta de nós. Podemos enganar a todos, menos a nós mesmos, a não ser que estejamos profundamente doentes.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

CNH



Apesar de meu blog ser de cunho psicológico, não me furto de escrever sobre o que desejo: Se assim fosse estaria exercitando o mais completo contra-senso, já que acho que nada na vida deve ser rigoroso.
Recomendo salvar o nº de sua CNH em local seguro. Escrito em seu livro de cabeceira, guardado em um cofre, em seu HD externo, dentro do vaso da sala etc... mas guarde! Ao perdê-la, você terá que cumprir uma verdadeira via crucis para tirar a 2ª via, caso não tenha este número! O site do DETRAN não disponibiliza o boleto para pagamento da 2ª via se você não preenche o número do CNH.
Começando o relato:
Já as 7.20 da manhã quando cheguei, uma fila enorme já estava formada no sol em frente ao DETRAN. Às 8 h., quando o porão abre e o 'Círio de Nazaré' entra naquele corre-corre, mais filas formam-se numa confusão sem fim; não há recepção para informação. Existem duas filas: Uma para informações acerca de habilitação e outra para informações acerca de veículos. Uma 'informaçãozinha' que seja, você terá que entrar nessas filas, nem que seja para ouvir que o que você quer não vai ser resolvido. Muito prático não? 
De posse da senha que me levaria ao local da espera, sentada, pude observar alguns 'fenômenos'.
Um funcionário gordinho abanava-se com papéis do trabalho, mas não era pelo fato dele ser gordinho. Sua colega magrinha ao lado, pasmem, tem um leque (aquele objeto em desuso, do séc. XVI); ela o traz de casa por saber o calor que terá que enfrentar. O clima é desértico, o ar-condicionado não funciona. O DETRAN é um órgão arrecadador e imagino que arrecade muito; sendo assim, deveria proporcionar aos seus usuários um mínimo de conforto, até porque a espera é longa. São 13 guichês de atendimento mas só 6 estavam funcionando.
Revolta ver que pessoas sem a menor preocupação furam a frente de quem entrou naquela fila enorme. Se essa é uma prática comum, então deveriam instituir alguns 'critérios para furar fila', quais sejam:
- pessoas conhecidas, ou, o amigo do amigo, do amigo, do amigo, de funcionário.
- pessoas jovens acompanhadas de seu tiozinho idoso.
- policiais militares fardados.
- oficiais da Aeronáutica.
- mulheres gordinhas, fingindo-se de grávidas.
- pessoas 'colantes'; aquelas que se aproximam devagarzinho, como se não quisessem nada e quando quem está sendo atendido levanta, sentam-se sem o menor constrangimento.
- engomadinhos de óculos escuros.
- pessoas bem vestidas portando relógio de parede no pulso.
- homens carecas que falam grosso. (Não encontrei sentido nenhum para essa 'categoria', mas presenciei).
That's all!
Em tempo: Depois de toda essa 'odisséia', fui informada que a carteira de motorista sairia 'na mesma hora'. Felicidade total, porém o 'na mesma hora' foram 'daqui a duas horas'. 


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Balanço



Balanço é um termo empregado pela Contabilidade e define a ação de avaliar a situação de uma empresa em um determinado período.
Emprestando este termo da Contabilidade, um 'balanço' emocional, ou seja, uma avaliação de nossa situação emocional, é sempre útil para redirecionarmos a vida.
A propósito do fim de ano, aproxima-se a hora de voltarmos a atenção para nossa vida. O que avançamos, o que realizamos, ou, se, ao contrário, involuímos.
Na verdade, o ideal seria fazermos 'balancetes' (mais uma vez emprestando o termo da Contabilidade), por estes serem feitos de forma mais amiúde, assiduamente. Assim conseguiríamos ter uma 'visão' mais real daquilo que nos atinge, o que fazemos ou deixamos de fazer. De nossos acertos, nossos erros, nossas perdas, nossos ganhos.
Sei que é um exercício difícil e por vezes frustrante, mas tão necessário para atingirmos nossos objetivos! Quando conseguimos nos defrontar com nossas verdades, o caminho pode tornar-se mais fácil.
De nada adianta disfarçamos nossa infelicidade, não admitirmos nossa dor. Só quando nos dispormos a encarar as dificuldades, a assumir a posição de falhos, de carentes, de muitas vezes até perdidos é que saímos da superficialidade que nos impede de viver a vida de forma mais 'inteira', com tudo aquilo que ela contempla: Alegrias e tristezas, prazer e dor, vitórias e derrotas. São esses contrastes que favorecem nosso desenvolvimento e que tornam a vida tão bela. Imaginem o marasmo que seria se tudo fosse perfeito, irretocável. O tédio nos dominaria e a falta de estímulos embotaria nosso desejo.
Existem pessoas que vivem 70, 80 anos, atuando em seu próprio teatro. Teatro que se configura dia a dia para a platéia da família, dos amigos, dos desconhecidos. Mas, e o interior? Qual o objetivo de vivermos senão nos melhorar interiormente, sermos felizes? Mas não aquela felicidade de 'comercial de margarina' e sim a felicidade real, aquela que pulsa, que faz vibrar, que faz sonhar, que faz gozarmos com a vida.
Que em 2014 possamos deixar de ser expectadores da felicidade alheia e consigamos passar para uma nova fase, a fase de construção de nossa própria felicidade. Mesmo que o caminho seja 'duro', cansativo, de luta, certamente valerá à pena. Dessa vez, é a sua vida que está em jogo. Pense nisso!