quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Cuidado Com Os Diagnósticos



Nós psicólogos aprendemos que os diagnósticos não ajudam. Obviamente que a Psicologia, como uma Ciência da saúde, se vale deles e os utiliza, porém, eles não podem ser utilizados para rotular ou limitar uma personalidade ou uma vida.
Muitas pessoas se vêem assustadas quando recebem, de cara, um diagnóstico. Mais ainda quando este refere-se à saúde mental, visto que há, infelizmente, uma tendência quase natural das pessoas ligarem esses diagnósticos, primeira e precipitadamente, à 'loucura.'
Muito se fez e faz, por parte da Psicologia, para descaracterizar e retirar a carga de preconceito da dita loucura. Desde a flexibilização dos diagnósticos até a luta antimanicomial.
Enfim e voltando, há que se ter cuidado em sair por aí, rotulando as pessoas, como se uma personalidade, uma vida, se resumisse a um CID.
O pior é quando o psiquiatra ou psicólogo lança, do alto de seu suposto saber, um diagnóstico e deixa o paciente solto às suas fantasias, obviamente negativas, do que aquilo representa em sua vida. 
Qualquer profissional, mesmo que não seja da saúde, deve presumir que seu paciente ou cliente, não tem condições de entender termos técnicos e descrições científicas. Como um professor que está repassando a matéria ao aluno, o mesmo deve cercar-se de estratégias didáticas que visam permitir a absorção e o entendimento da situação. Não se pode simplesmente jogar "você é um boderline" e pronto! Chega a ser irresponsável tal conduta!
O foco primeiro da Psicologia não é diagnosticar. Nunca foi! Entendemos que as perguntas são mais importantes que as respostas. Sabem porquê? Porque perguntas exploram, ampliam. Respostas fecham, limitam! Diagnósticos, assim, seriam respostas e em nada ajudariam a exploração ampla e necessária das questões emocionais e psicológicas tão importantes que os envolvem.
Ao buscar ajuda terapêutica, o paciente precisa de escuta e apoio para entender o que está obscuro; precisa ser acolhido integralmente nas suas demandas, dúvidas e confusões. O 'lançamento' de um diagnóstico técnico nesse cenário, só o afastará. Na pior das hipóteses, ele mesmo poderá rotular-se e conformar-se com seu 'estado' imutável. A exemplo de um diabético, hipertenso ou cardiopata, que anda com uma 'carteirinha' imaginável que descreve, para ele e para os demais, a sua 'doença' crônica!
Não queremos isso. Não aceitamos isso! Queremos ampliar questões, entender situações. Ajudar aquela vida a retomar o eixo em algum momento perdido. É essa a nossa função. É dela que não devemos nunca desviar.

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