Parece uma sofisticação diante de tantas demandas mais urgentes mas não podemos abrir mão desse direito que temos em relação à nossa existência. Atingindo a totalidade da população do planeta, a pandemia veio para, aos que se permitem pensar, abrir a discussão para novos e necessários paradigmas do que podemos chamar de bom viver.
Ao nos debruçarmos sobre essas questões, ao nos colocarmos frente a esse cenário de tanto sofrimento e dúvida, podemos entender o que realmente importa. Obviamente essa questão é particular, para cada um de nós ela pode significar algo diferente do que é para o outro. Pela característica de ter que ser pensada subjetivamente, existe a necessidade de mergulharmos em nosso ser buscando quais são nossas expectativas, nossas necessidades e nossos desejos. Simples não é, até porque muitos de nós nunca fizeram esse exercício. Tempo temos pois a vida ainda não voltou ao 'normal' e nem mesmo sabemos se isso se dará ou mesmo a que prazo. Resta saber se há interesse e motivação visto que a pandemia nos marcou, quase indistintamente, em alguns momentos, com uma espécie de desânimo. O desinteresse de líderes políticos, as mortes, as dificuldades, o egoísmo de muitos, a desatenção ou mesmo alienação de outros, todo esse cenário concorreu para a formação do estado de como as coisas se encontram hoje. Nesses tempos sombrios, a felicidade é um luxo quase inatingível, com exceção para os alienados, os que teimam em achar que a vida é uma bolha cor de rosa com ideais condições de temperatura e pressão.
Há a imperatividade de acordarmos! Há a necessidade de pensarmos, por mais que não saibamos por onde começar, por mais que doa, por mais que sugue nossas poucas e restantes energias. Nunca houve tempo a perder mas hoje ele é cada vez mais escasso. Qualquer semana não vivida, qualquer conversa não realizada, qualquer toque não ocorrido pode fazer a diferença. Urge que despertemos para o que realmente importa. Precisamos fazer conexões, tentar pensar, resgatar o sentido da vida e construir um caminho para alcançá-lo. Não há mais tempo para escamoteamentos, para disfarces, para meias palavras, para esconderijos. O tempo é de abertura, de denúncia, de avivamento, de vida. Há que sermos verdadeiros como nunca fomos. Com nós mesmos, com o outro, com a vida!