quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Tem Alguma Coisa Estranha...



...Quando não podemos mais contar com nossos recursos próprios para sair de certas situações...
...Quando primeiro pensamos e usamos algum artifício externo, antes de acionar o que temos à nossa disposição, guardado em nós...
...Quando acreditamos na pseudo felicidade oferecida em frascos...
Claro que o papel dos medicamentos na busca e manutenção da saúde é indiscutível. Têm seu mérito e indicação. Mas, o que dizer quando antes de qualquer ato, mesmo um diagnóstico mais cuidadoso, mais estudado, logo lança-se mão das chamadas pílulas da felicidade?
Será que não incorremos em um erro quando, antes de mais nada, submetemos e somos submetidos ao arsenal farmacêutico disponível atualmente para 'curar' desde uma corriqueira dor de cabeça (na maioria das vezes 'curável' com um simples banho ou dormida) até uma dor 'na alma', uma tristeza, um abalo que nem se configurou como depressão? Por que somos apressadinhos em assumir o papel de desprotegidos de nós mesmos e entregues ao poder curativo dos medicamentos? Será que somos tão frágeis, tão refratários à nosso próprio poder de restabelecer o equilíbrio buscado, que atua no controle de nossas emoções e blinda o aparecimento de várias doenças psicossomáticas?
Vivemos na época da urgência. Rapidez e eficiência são palavras de ordem. Ordem que destrói, que fragiliza, que faz acreditar que somos meros objetos, vítimas em nossa própria cegueira de nós mesmos. Quanto mais nos distanciamos de nosso auto-conhecimento, mais expostos ficamos ao controle de agentes externos e das próprias 'doenças' que nos acometem.
Qualquer evento nessa área, é logo 'medicalizado'. Não conseguimos conectar nossos sintomas, nossas dores, à nossa vida. Somos dominados pela lógica cartesiana que nos faz duvidar de tudo aquilo que é meramente sentido. O 'sentido' vira suspeito. 
E assim, induzidos e dominados pela urgência que temos em nos recompor, atropelamos nossa condição de reagir, de melhorar, de curar. Dominados e cegos pela pressa de voltar a pretensa 'normalidade', engolimos nossas bolinhas milagrosas, acreditando que amanhã é um outro dia e tudo será melhor.
Da próxima vez que você for assolado por alguma dor, física ou não, dê uma chance às 'evidências do que não é visto' (a frase contraditória é proposital, um exercício à interpretação e à crítica). Nossos sentidos não erram!

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