Tão devastadora quanto o vício em sexo, é a fuga compulsiva por intimidade e sexo, 'sexual anorexia', em Inglês.
Desde 1975, já falava-se nesta condição, embora apenas em 1997, o termo ganhou destaque com o livro do mesmo nome, do psicólogo americano Patrick Carnes, pioneiro no estudo das patologias do sexo, que ousou dedicar-se a estudar um tema tão complexo e diversificado como a sexualidade humana, criando um Instituto de Tratamento para essas patologias, o International Institute for Trauma and Addiction Professionals, na Flórida, EUA.
Quem sofre dessa condição acaba por comprometer toda sua vida afetiva, pois o medo de relacionar-se sexualmente leva ao afastamento das pessoas e ao consequente impedimento da construção de relacionamentos.
Criar parâmetros para a dita 'normalidade' no campo da sexualidade humana sempre foi muito difícil, tanto é que apenas em 2013, passou a figurar no DSM (Manual Estatístico das Doenças Mentais), um CID (Código Internacional de Doenças) para transtornos sexuais de forma mais específica.
Rótulos e classificações à parte, o que para a Psicologia sempre foi secundário, o que interessa aqui é o estrago em nível emocional causado aos acometidos por essa condição.
Quem 'sofre' de evasão sexual, foge da vida! É esse o aspecto mais danoso que se observa.
Como seres humanos, somos projetados para agregar; dessa forma, fica impossível isolar o sexo de uma vida 'normal'. O sexo faz parte da vida tanto quanto a afetividade. Claro que seu desenvolvimento não se manterá em um continuum ao longo da vida, por inúmeras razões físicas, emocionais e contextuais, porém, espera-se que o sexo seja incluído na vida desde a adolescência e se situe até a velhice, resguardadas as diferenças individuais.
O desenvolvimento de situações de anorexia sexual podem se dar em idade precoce, quando já existe uma dificuldade de trocar com seus iguais. Educação repressora pode estar envolvida nesse processo. Pais que tratam o sexo envolto de pudor com seus filhos, que não se permitem em nenhuma medida conversar sobre o assunto de forma natural, podem estar contribuindo para a instalação do quadro no futuro.
Indivíduos com 'anorexia sexual' (o termo apesar de ter sido cunhado por um especialista da área eu o uso como ilustrativo), têm tendência ao isolamento, à baixa autoestima, à ansiedade e à depressão. O contato corporal, para esses indivíduos, é assustador. Seu embotamento emocional não lhes permite construir relacionamentos saudáveis, nestes necessariamente incluído o aspecto sexual. Não conseguem construir uma intimidade, passam a maior parte do tempo solitários e possuem interação social diminuída. Mesmo quando estão em situações sociais obrigatórias, como estudo ou trabalho, não interagem normalmente com os demais.
As implicações futuras na vida dessas pessoas são dramáticas. Algumas delas, pela falta de tratamento adequado, podem passar a vida em branco. Quanto mais cedo observado o problema e mais rápida a intervenção pela psicoterapia, menos sofrimento provocará.