quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O Preço Que Se Paga



Por mais paradoxal que pareça, exercer a autenticidade hoje em dia não está fácil. Uma onda reacionarista está assolando muitas mentes atualmente!
Uma grande maioria, historicamente falando, sempre teve dificuldade em aceitar ou mesmo sequer validar o diferente. Diferente do que se pensa, diferente do esperado, diferente do planejado. Poucos são os que apresentam uma facilidade à flexibilidade. 
O que estaria, em termos psíquicos, envolvido nessa dificuldade? De uma forma bem exagerada, do ponto de vista psicológico, mas nem tanto exagerada, quando observamos situações reais, diria que, quem não aceita uma opinião diferente da sua, sente seu ego agredido. 'Se o outro não concorda comigo, quem sou eu'? 
Exagero maior são de certas pessoas, ou 'categorias de pessoas' (sim, isso existe!), que tentam impor seu modus vivendi aos outros, querendo que os demais sigam seus modelos. Não, infelizmente, isso não é fantasia nos dias atuais, é realidade! No campo pessoal, na política, na sexualidade, na educação. Triste ver a informação ter ficado tão acessível, ao alcance de (quase) todos, e muitos preferirem beber na fonte da ignorância e do preconceito.
A Psicanálise por vezes se vale de alguns conceitos para jogar luz nessa complexa questão. Quem discorda e critica o modo de viver dos outros e se sente à vontade para ditar regras em uma vida que não é sua, demostraria ter muitas questões mal resolvidas no seu próprio eu. O fracasso na condução de uma vida feliz, a incompetência em gozar (não estritamente no sentido sexual), seria a origem da preocupação para com a vida alheia e o consequente distanciamento de sua própria vida. Em um movimento contrário, parece que quem está bem consigo mesmo, quer que o outro também esteja, não importando como este exprime suas opiniões, suas escolhas, e o jeito que ele vive sua vida. Nada do que o outro faz com a vida dele é alvo de criticas quando se está bem consigo mesmo.
Problemas maiores existem quando as pessoas querem ser autores de uma vida que não é a delas. Não conseguem respeitar o direito que cada um tem de viver a sua vida como bem quiser e entender. Pessoas assim, na verdade, escondem uma incapacidade de gerenciar e administrar construtivamente suas emoções; projetam na figura do outro o descontamento provocado por essa incapacidade sob forma de necessidade de controle de tudo e de todos. Assim nascem os preconceituosos, os machistas, os autoritários, os poderosos.
Um triste fim é anunciado para seres assim. Ao passarem uma vida escondendo suas fragilidades e limitações, aquelas, que todos nós, os seres humanos, temos, afastaram delas as pessoas, pois ao não encarar o diferente, sobrou à elas apenas o igual, elas mesmas! Nunca podemos esquecer que, para que eu me constitua como 'um', necessito da oposição do 'outro'; caso contrário, a solidão será minha única companheira no futuro.

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