Há um tempo atrás, li um artigo na Revista Bem Simples, que falava sobre a necessidade (é isso mesmo, o termo está corretíssimo) que temos de descartar coisas que não mais têm lugar em nossa vida, para que ela - a própria vida - flua melhor. Faz sentido? À primeira vista, parece que não, mas é só refletir um pouco para acharmos de forma rápida a explicação.
Gail Blanke, uma escritora americana mencionada no artigo, autora do livro "Jogue Fora 50 Coisas", preconiza que devemos nos livrar de coisas que de certa forma perderam a utilidade prática em nossas vidas, isto é, aquilo que temos e que não mais usamos por diversos motivos. Aquele livro que já lemos, as lembrancinhas de viagem, móveis que não cabem em nosso espaço mas que mantemos porque foram da avó querida ou roupas que estão desprezadas seis meses no armário.
Praticar o desapego é algo difícil porque passamos uma vida "construindo" nosso baú, seja ele material, aquele onde guardamos as tralhas, seja o emocional, aquele que só nós temos acesso e que pode concorrer tanto para a nossa felicidade - quando as lembranças remetem à momentos felizes -, quanto para nossa infelicidade - quando, em um movimento contrário, guardamos os sofrimentos, as derrotas, as tristezas e as dores - .
O livro compara esse exercício do desapego à sessões de terapia, onde o material é trabalhado de forma a nos conduzir a superar traumas e desacertos passados que engessam nossa atitude no presente.
Além de ser um processo interior de muito valor, visto que arrumamos as estantes da alma, aquelas que nem a melhor faxineira dará conta, atualmente tem um que "ecológico", pois estamos passando em frente coisas que já foram usadas e que poderão ser reutilizadas por outras pessoas. Essa atitude corrobora o conceito de sustentabilidade.
A autora, Gail, orienta a divisão das coisas a serem descartadas em 3 sacos: Vender, guardar e doar. Sugiro que tentem abrir mão dos dois primeiros e concentrar no último, doar. Com essa atitude é garantido um bônus maior na ação, que é o imenso prazer de poder dar algo à alguém que será útil, sem nenhum ônus, à pessoa.
Só nós podemos fazer um mergulho em nós mesmos e acharmos o sentido de acumularmos determinadas coisas, materiais ou não. Sentir a função desse "armazenamento" em nossas vidas.
Para quem nunca descartou nada pode ser libertador, pois as melhores lembranças, estas devem ser guardadas em nosso interior, longe dos olhos - dos outros - e perto do coração - do nosso.
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