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Atos falhos são manifestações inconscientes. Ocorrem sob forma de incidentes aparentemente sem sentido, como lapsos, esquecimentos, erros de expressão, trocas de nomes, ou quando, sem querer, falamos algo sem a intenção de querer dizer aquele 'conteúdo'.
Os atos falhos definitivamente quase nunca (para não ser determinista) são insignificantes. Sempre têm uma representação sob forma de memórias ou emoções recalcadas no passado. O ato falho não é objeto específico de tratamento em um processo psicoterápico, pois ele não é considerado um problema. Ele se manifesta representando o que está escondido, negado, recalcado e como manifestação inconsciente tem a sua importância. Nunca pode ser desprezado, no sentido de se achar que ele não significa nada.
A terapia é um processo. Necessita de tempo. Não mais daquele tempo dispensado na época de Freud. Hoje as pessoas tem facilidade em falar. Têm necessidade de se expressar; 'abrir o verbo', 'abrir a alma'. Por isso os procedimentos são mais breves e as 'problemáticas' quando desvendadas, resolvidas, são substituídas por outras também existentes, porém mais latentes, menos superficiais.
O psicoterapeuta ou analista, em sua prática cotidiana, fica ligado às expressões manifestadas pelo paciente para tentar conduzi-lo à interpretação de seu momento, de sua situação, de sua vida. A realização de um insight é sempre um momento único, leva o processo 'pra frente'. Elucidados em situação terapêutica, onde em um ambiente seguro e propício os insights se dão, a interpretação do que está 'por trás' de um ato falho é libertadora. Conduz a pessoa à novas descobertas, avançando em seu auto conhecimento.
Atos falhos não são privilégio de poucos. Todos nós em algum momento os expressamos. De uma forma mais corriqueira, em algum momento, até por situações sociais, omitimos alguma opinião, seja para não chocar ou não machucar alguém e, quando vemos, somos 'traídos' pela manifestação inconsciente através de um ato falho.
Outra condição inequívoca para a presença do ato falho é devido a todos nós termos um passado. Ele (o passado) nos acompanha, e a existência dele, por si só, já justifica a presença de atos falhos em nossa vida. É se valer da interpretação para, descobrindo o que estes significam, conhecer melhor à nós mesmos.