Temos a pretensão de ter tudo. Somos eternos insatisfeitos. Passamos a vida sem entender que isso acontece porque convivemos com o lugar da falta. Aquele vazio que jamais será preenchido. Ou, se momentaneamente preenchido, logo será substituído por outro vazio.
Apesar de desde crianças convivermos com a diferença entre desejo e necessidade, chegamos a idade adulta ainda fazendo muita confusão na hora de separar um do outro.
Para a Psicanálise o desejo é psíquico. Nos impulsiona na vida a realizar nossos sonhos, nos tira da imobilidade. O desejo nos direciona às fantasias. A necessidade nos direciona à realidade. O desejo nunca é completamente realizado, no sentido que aquele é imediatamente substituído no hiatus de tempo entre sua realização e a imediata instalação de outro. A necessidade é saciada. O desejo jamais. Quando temos sede, temos a necessidade de beber água. Esta (a sede) é assim saciada. Desejamos um amor, uma viagem, um carro novo. Quando os temos, logo começamos a nos 'desencantar' querendo sofisticações, mudanças, cheiro de carro novo de novo e vontade de ir à Roma mais uma vez.
Parece complicado mas quando nos atemos a observar, conseguimos identificar as particulares de cada um. E a identificação destes nos habilita a melhor entender nosso funcionamento. Nos ajuda também a 'sossegar' quando algo não sai do jeito que queríamos. Conseguimos assim dar um significado novo ou um re-significado para nosso momento.
Vai parecer trocadilho, mas a necessidade de desejar alimenta nossa vida, psiquicamente falando. Sem desejar, estaríamos mortos. Plagiando Nietzsche, 'o que nos falta nos fortalece'. Para interpretar.
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