Hoje presenciei uma cena muito triste: Uma mãe diante de seu amado filho morto.
A dor em perder alguém que você viu nascer, viu dar seus primeiros passos, viu estudar, viu namorar, viu tornar-se homem, viu tornar-se pai, que era seu companheiro, seu amigo...
É muito difícil aceitar a morte de alguém a quem amamos; em primeiro lugar vem a incredulidade: 'isto não está acontecedendo'; amanhã, ao acordar aquela pessoa não estará mais lá; dela restam as lembranças; imagino que para uma mãe fiquem um sem fim de lembranças, lembranças sem fim...
A morte sempre espera sorrateira, em algum canto escondida, sempre surpreendendo; muitas vezes as pessoas não tem tempo - literalmente falando - de conviver de forma mais próxima com seus pares. Aqueles que estão ao nosso lado quase sempre e que fazem parte da nossa paisagem; a vida muitas vezes com suas inúmeras demandas, seus inúmeros compromissos, nos tira da rota e ficamos distantes de pessoas que nos são importantes. É a tal realidade nua e crua. Esse é o ângulo de quem perde alguém.
E quem vai? Que lição a morte nos deixa?
A morte de alguém sempre faz pensarmos em nossa própria vida; no paradoxo que é estarmos aqui e agora e de repende, sumirmos. Quantos projetos ficam interrompidos, quantas coisas a serem ditas, quanto amor a ser vivido.
Como levamos nosso dia, como levamos nossa vida? Estamos fazendo algo que nos melhore, nos faça felizes, que nos permita transitar com fluidez diante das pessoas com quem nos relacionamos? Ou estamos vivendo um dia atrás do outro, e só? Estamos nos permitindo viver ou apenas existimos?
A maneira como levamos a vida indica o que a morte pode representar. O que fazemos com nossa vida pode ajudar a aceitarmos nossa própria morte. Sim, porque não adianta disfarçar, ela é irrefutável! Um dia ela fatalmente ocorrerá.
Se estamos aqui de forma mais completa, se temos consciência de nossos movimentos diante do que nos cerca (coisas, pessoas, trabalho, relacionamentos, situações, dificuldades, prazer, dor) temos mais chance de aproveitar nossa estadia. Do contrário, estamos perdidos em meio a tantas outras coisas que não têm nenhuma importância.
A morte nos leva a pensar em como podemos ser 'pequenos'; em vários sentidos. Pequenos porque aí não temos ingerência, mesmo com todo o dinheiro e poder que possamos ter. Ouço muito, com ênfase, certas pessoas: 'Minha casa, meu carro, meu isso, meu aquilo...'. Cabe aqui pensarmos, meu até quando?
Viva sua vida hoje; viva sua vida agora, pois na verdade essa é a única que pode, garantidamente, ser vivida. O logo mais...