quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Da morte, da vida.



Hoje presenciei uma cena muito triste: Uma mãe diante de seu amado filho morto. 
A dor em perder alguém que você viu nascer, viu dar seus primeiros passos, viu estudar, viu namorar, viu tornar-se homem, viu tornar-se pai, que era seu companheiro, seu amigo...
É muito difícil aceitar a morte de alguém a quem amamos; em primeiro lugar vem a incredulidade: 'isto não está acontecedendo'; amanhã, ao acordar aquela pessoa não estará mais lá; dela restam as lembranças; imagino que para uma mãe fiquem um sem fim de lembranças, lembranças sem fim...
A morte sempre espera sorrateira, em algum canto escondida, sempre surpreendendo; muitas vezes as pessoas não tem tempo - literalmente falando - de conviver de forma mais próxima com seus pares. Aqueles que estão ao nosso lado quase sempre e que fazem parte da nossa paisagem; a vida muitas vezes com suas inúmeras demandas, seus inúmeros compromissos, nos tira da rota e ficamos distantes de pessoas que nos são importantes. É a tal realidade nua e crua. Esse é o ângulo de quem perde alguém.
E quem vai? Que lição a morte nos deixa?
A morte de alguém sempre faz pensarmos em nossa própria vida; no paradoxo que é estarmos aqui e agora e de repende, sumirmos. Quantos projetos ficam interrompidos, quantas coisas a serem ditas, quanto amor a ser vivido. 
Como levamos nosso dia, como levamos nossa vida? Estamos fazendo algo que nos melhore, nos faça felizes, que nos permita transitar com fluidez diante das pessoas com quem nos relacionamos? Ou estamos vivendo um dia atrás do outro, e só? Estamos nos permitindo viver ou apenas existimos?
A maneira como levamos a vida indica o que a morte pode representar. O que fazemos com nossa vida pode ajudar a aceitarmos nossa própria morte. Sim, porque não adianta disfarçar, ela é irrefutável! Um dia ela fatalmente ocorrerá.
Se estamos aqui de forma mais completa, se temos consciência de nossos movimentos diante do que nos cerca (coisas, pessoas, trabalho, relacionamentos, situações, dificuldades, prazer, dor) temos mais chance de aproveitar nossa estadia. Do contrário, estamos perdidos em meio a tantas outras coisas que não têm nenhuma importância.
A morte nos leva a pensar em como podemos ser 'pequenos'; em vários sentidos. Pequenos porque aí não temos ingerência, mesmo com todo o dinheiro e poder que possamos ter. Ouço muito, com ênfase, certas pessoas: 'Minha casa, meu carro, meu isso, meu aquilo...'. Cabe aqui pensarmos, meu até quando? 
Viva sua vida hoje; viva sua vida agora, pois na verdade essa é a única que pode, garantidamente, ser vivida. O logo mais...

domingo, 25 de agosto de 2013

Os Culpados



Assombrados pela tragédia que acometeu toda uma família - os que foram e os que ficaram - em São Paulo, nos perguntamos sobre as razões para tal.
Pensando na hipótese, ainda em comprovação, de que uma criança de 13 anos decidiu terminar a história aparentemente feliz de uma família, buscamos causas que possam explicar o ocorrido.
Em primeiro lugar, filhos são sempre vítimas. Independente de sua condição física, psicológica ou mental. Adultos deveriam lançar olhares mais cuidadosos sobre eles.
Diferentemente dos animais, seres humanos escolhem procriar. Crianças não podem ser consideradas acidentes. Não entramos no cio e por necessidade copulamos com o primeiro que aparece dando termo a uma gravidez irresponsável.
Embora há muito negada pela igreja, a sexualidade humana envolve basicamente desejo. Filhos nunca deveriam ser resultado de um 'ataque de tesão'. Para isso existem uma infinidade de métodos contraceptivos inclusive disponíveis no Sistema de Saúde. Resguardados os casos de desinformação de pessoas em condições especiais de vida, onde procriar continua sendo como no tempo de 'Adão e Eva', grande parte do que ocorre nessa direção parece ser fruto de irresponsabilidade.
Sem querer desviar muito, mas entrelaçando situações, voltando à família Pesseghini, muito há a esclarecer. O que teria motivado uma criança supostamente cuidada e amada por seus pais a ter cometido tal insanidade? Seria ela, a própria insanidade (da criança) a razão? Influência da violência à que ela estava sendo exposta pelos jogos de videogame?  Influência da violência e do medo à que todos nós estamos expostos a todo momento? Influência da desatenção de seus pais, até mesmo por uma louca rotina de trabalho muitas vezes enfrentada por causa da existência deles?
Questionamentos diversos deveriam nos fazer perguntar porquê nossas crianças nascem. Temos um mínimo plano para elas? Estamos nós também, minimamente preparados para atendê-los em suas necessidades de amor, cuidados, atenção, educação e tudo o que envolve a criação de um filho? São muitas as interrogações.
Aqui, diante de tantas indagações, não corro o risco de ser leviana; apenas uso o exemplo dessa tragédia, para que todos nós, responsáveis pela 'construção' dessas pessoas tão especiais que são os nossos rebentos, possamos analisar. Afinal, somos todos culpados!


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Relacionamentos Descartáveis



Hoje vivemos o momento do descarte. Parece que ninguém mais está disposto a contemporizar, a rever, a entender. Tomados pelo imediatismo, busca-se soluções rápidas para todos os tipos de conflitos. Ninguém mais está inclinado a ouvir, a ceder, a tentar olhar pelo prisma do outro.
Em uma sociedade onde impera a oferta do prazer imediato, descartamos facilmente o que nos causa qualquer pequeno nível de insatisfação.
Como vivemos na cultura da não-reflexão, tudo o que demanda um pouco de esforço para entender, parece ameaçar. "Para quê vou me dar esse trabalho?" Next!  E assim a fila anda. E rápido! E avança-se para uma próxima etapa, um próximo relacionamento. Porém, o que se está levando é a antiga pessoa cheia de resquícios de insatisfações anteriores não trabalhadas, funcionamentos que deveriam ter sido explorados, situações que deveriam ser entendidas. As pessoas não se olham e não se permitem olhar.
Inúmeras vezes, em minha prática, atendendo casais, percebo a incapacidade de ambos fazerem este tão necessário exercício, fundamental não para uma convivência harmônica, mas sim para uma convivência feliz. Porque pouco importa casais não brigarem e viverem um relacionamento morto - de tudo -. Qual o mérito que existe? Nenhum! Lembrando Afonso Romano de Santana: "Existem casais 'harmônicos', (grifo meu), que vivem 25 anos lado a lado, dormindo juntos, na mesma cama, e um não sabe o que o outro sonha". 
Não existe nenhum impedimento em 'deletarmos' (para ilustrar bem o que ocorre hoje), pessoas de nossa vida. Mas, até para separar, temos que 'separar bem', conscientemente de que é isso que queremos e que todas as possibilidades para reverter a situação já foram tentadas. Caso contrário, corre-se o risco de 'trocar seis por meia dúzia'; daqui a pouco estamos repetindo os mesmos erros com nova figurinha.
No conflito reside muitas vezes nossa chance de crescer, de melhorar, de seguir adiante com novos e melhores propósitos. Se fugimos de encarar nossos problemas, se não nos inserimos no processo, fica difícil avançar; situações negativas serão sempre neuroticamente repetidas em um desgaste sem fim. Perpetua-se assim, uma busca incessante por situações adequadas, ideais, irretocáveis. Cabe refletir: Será que elas existem? Ou a vida na sua dinâmica comporta contrastes que, apesar de aparentemente trazerem uma carga negativa, estresse, aborrecimentos, contribuem para nossa realização, tirando o tédio das coisas pretensamente perfeitas?
Concluindo: Na verdade, é nossa incompetência em lidar com a frustração que nos torna imensamente infelizes.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Criança eu?



Quantas vezes fazemos coisas infantis? Mesmo depois de adultos, protagonizamos episódios dignos da primeira infância. Quando algo não sai da exata maneira como planejamos (mesmo que esse plano estivesse só na nossa cabeça), batemos o pé, fazemos biquinho e choramos. Ou nos revoltamos. E punimos. À nós e aos outros, protagonistas neste cenário de incompreensão.
Comportamentos assim aparecem pelo fato de inconscientemente acharmos que o mundo tem que se adaptar à nós e não o contrário. As pessoas existem para nos atender em nossas demandas mais íntimas; Detalhe: Elas não sabem disso, pois temos a pretensão de que o outro tem que adivinhar nossos desejos. E por essa razão, nem nos esforçamos em comunicar a que viemos, o que queremos e se temos condições de apelar para conseguir o que queremos. Nem sempre o que eu quero é exatamente o que o outro quer, ou no mesmo instante que o outro quer. 
Desde pequeno, o bebê encontra uma forma particular de se comunicar com a mãe a fim de obter o que para ele naquele momento são os bens mais preciosos: Alimento, carinho e aconchego. À medida que o tempo passa, outras formas de comunicação vão surgindo, já com o uso da linguagem falada, dos gestos, do toque e com a exploração de todos os sentidos.
Na idade adulta, essa comunicação com as demais pessoas torna-se mais sofisticada; fazemos uso até de linguagem subliminar, onde entra em cena nosso inconsciente, porém, quando queremos ser entendidos em nossas demandas, devemos ser totalmente explícitos; não esperar que o outro tenha a 'grandeza' de adivinhar o que queremos ou mesmo o que nos aflige. A comunicação limpa, sem interferências (gritos, agressões, caras e bocas etc...) continua sendo a mais eficaz.
Não ter medo de encarar as circunstâncias, fazer uma leitura das situações, ser verdadeiro consigo mesmo, garimpar os próprios defeitos. Essas são atitudes adultas que nos impulsionam em direção à desvendar o que ainda está latente, a compreender a si e ao outro, a avançar.
Quando perdermos tempo e energia nos chateando com o que não saiu do nosso 'jeito', esquecemos de crescer, de melhorar; nos perdemos em lágrimas, desenvolvemos uma postura perdedora onde ninguém ganha, onde predomina a eterna carência daquela criança que habita em nós e que por vezes teima em reaparecer. 


De Quanto Precisamos Para Viver Felizes?



Achei que o título talvez não expressasse o que realmente eu queria dizer. Refiro-me não exatamente à valores, dinheiro, quantitativos, mas sim a tudo aquilo que imprime sentido à nossa vida.  
Muitas vezes almejamos tantas coisas e nem sabemos bem o porquê. Somos influenciados pela publicidade, pelas artes, por outras pessoas, pelas demanadas dos filhos e por tantas outras situações que nos seduzem e criam em nós expectativas nem sempre genuínas. O que eu quero algumas vezes não vem 'de dentro; 'de mim'. Parece ser uma junção de desejos a que estou sendo submetido a toda hora e acabo por absorver. Daí a sensação de vazio ou de 'pouco acrescentou', diante de uma nova conquista. Quando o desejo não é puro, não tem a minha identidade, sua realização cai no vácuo. Tudo fica muito vazio. Do nada pra lugar nenhum.
É importante estarmos sempre atentos, na tentativa de perceber o que nos move, o que queremos, o que precisamos. Será que preciso de uma casa enorme, de um carro do ano, roupas caras, cremes a preço de (e com) ouro? Do que me alimento?
Não falo aqui do alimento concreto, aquele que nosso corpo demanda para termos saúde, para que nosso organismo funcione. Falo aqui do que alimenta minha vida, meus projetos, minhas metas, meus relacionamentos. Será que não sonhamos um sonho que não é nosso? Será que não abrimos mão de buscar da forma mais autêntica possível o que nos traria aquela pontinha de felicidade interior que de tão particular, jamais seria possível ser relatada?
Às vezes parece que vivemos mais para os outros do que para nós mesmos. Percorremos uma estrada para demonstrar algo que no fundo de nada nos vale. O valor das coisas é o valor que imprimimos à elas. É uma tarefa subjetiva. O que você valoriza pode não ter o menor valor para outra pessoa. Se conseguimos identificar do que temos fome, do que temos sede, o que realmente nos vale nessa vida, poderemos, sem hipocrisisia, sem se preocupar com o 'vizinho', sermos verdadeiramente felizes!

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Viver Dá Trabalho!



Queremos muito que certas situações aconteçam em nossas vidas, mas até que ponto nos esforçamos nessa direção?
É fácil sonhar acordado mas, para transformar o sonho em realidade, o que se faz?
"Todos os dias quando acordo...", faço o que?
Sonhar é para a noite; durante o dia temos que ir em busca de realizar o que foi sonhado.
Sair da inércia, do marasmo que muitas vezes assola nosso ser não é fácil. Tem-se que romper com a preguiça, a indolência, o 'não sei o que fazer'. Será que todo mundo sabe o caminho certo a seguir, ou vamos 'tateando' até encontrá-lo? Ter dúvidas é razão suficiente para não iniciarmos algo ou mesmo desistirmos antes de tentar?
Quando tentamos, como um primeiro passo, investir em uma mudança que julgamos ou somente intuímos ser necessária, estamos rompendo com o que está confortavelmente estabelecido mas que não nos dá a sensação de que está valendo a pena. Isso funciona para os relacionamentos inclusive! 
O comodismo é como uma erva daninha que vai se instalando sem percebermos e quando vemos já tomou conta de todo o entorno. O tempo, que poderia ser nosso maior aliado, torna-se um fardo; os dias passam, as noites chegam, mais sonhos, mais projetos, menos ação.
Reclamar e não atuar (mesmo com dúvidas, mesmo com a possibilidade de errar), nada ajuda; nos tornamos poli-queixosos para nós mesmos, cansamos nossos pares, involuímos.
Como começar, qual o ponto de partida para a mudança que queremos?
Não se muda sem ação, não se muda sem esforço e quase sempre não se muda sem desgaste. Tomemos como ilustração a mudança física, de um lugar para o outro. Se não nos mexermos, ficamos parados no lugar. Assim é também com as mudanças emocionais, as mudanças de vida; se parados estamos, parados permanecemos. Apenas constatar essa situação não vai fazer com que ela - a situação - sofra qualquer alteração.
O primeiro passo é reconhecer a necessidade de mudar; o segundo é ter o desejo de. Nem sempre desejo e necessidade caminham juntos, mas nesse caso, a falta de um dos dois compromete o movimento. O desejo é sem dúvida o maior propulsor de mudanças. Funciona como impulso que nos leva à uma nova etapa. Garante a satisfação, a felicidade. Apenas saber da necessidade quase em nada ajuda. Precisamos estar movidos por algo maior para seguir adiante.
A etapa do reconhecimento da necessidade é a primeira e a que vai abrir espaço para o que terá que vir depois. Nunca sem inconvenientes, mas sempre com a sensação de que estamos, através da mudança, gerando vida.