quinta-feira, 24 de abril de 2014

Saindo Do Armário

A Atriz Jodie Foster e a Fotógrafa Alexandra Hedison - Foto Revista Veja SP.
A despeito de toda a 'força' que a mídia tem dado no sentido de tratar com respeito e sem preconceito o amor entre pessoas do mesmo sexo, que todos nós, mortais, cristãos ou não, sabemos que é bíblico, histórico, possivelmente pré-histórico etc... ainda temos pessoas que sofrem - e muito - em função de sua escolha sexual. Nem aprecio o termo 'escolha sexual'; uso-o para efeitos puramente didáticos. O termo correto seria escolha afetiva, amorosa, por 'totalizar' por assim  dizer, a questão. O termo 'escolha sexual' carrega, de forma inerente, um certo preconceito, pois relacionar-se com outro alguém, transcende o aspecto sexual. Inclusive esse termo, por si só, banaliza o amor ai envolvido.
Admitir e aceitar o diferente é, para a maioria das pessoas, em qualquer aspecto, difícil. Na esfera da sexualidade então, tudo fica mais complicado; é como se, ao perceber o mundo de uma forma mais global, as pessoas sentissem a necessidade de desenvolver alguma tendência. Calma! Ninguém precisa se desfazer de suas 'certezas' ao admitir as escolhas alheias, ao aceitá-las. O que queremos afinal? Viver num mundo de faz de conta, em uma bolha, onde só o que eu gosto, o que eu quero, o que eu admito existe, ou vamos viver em um mundo real, complexo, completo, que congrega diferenças de desejos, de opiniões, de afetos, de ideologias, de filosofias etc...? Por que ao invés de tentar dar sentido aquilo que não é seu, é do outro, faz-se questão de desqualificar, tornar objeto de repúdio?
É nessa interface entre o desejo e uma sociedade preconceituosa que se estabelece o sofrimento psíquico do indivíduo que ainda não consegue lidar publicamente com sua homossexualidade. Pesquisas indicam que a aceitação da homossexualidade depende do contexto social em que a pessoa está inserida, ou seja, quanto mais preconceituosa a sociedade, mais sofrimento para aqueles que ainda não conseguiram ultrapassar essa barreira. Amar não deveria ser tão complicado. Principalmente se cada um cuidasse de seu amor, de sua forma de amar e investisse tão somente nisso e não na forma de amar do vizinho...
Curioso perceber que muitos dos que 'criticam' homossexuais são mal resolvidos a cerca de sua própria sexualidade. Aquele velho complexo de 'não posso, ele (ela) também não'. Ser feliz parece ser, nesse cenário, privilégio de poucos. Dos que se assumem, dos que não têm medo, dos que não tem tempo a perder com os olhos críticos de pessoas que estão sempre de plantão para patrulhar a felicidade alheia. É privilégio daqueles que se concentram tão e unicamente no que querem para a própria vida. E viva o amor!

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Avanços?


NÃO!
Considerada como a característica mais marcante da história da humanidade nos últimos 300 anos, a aceleração dos avanços científicos e tecnológicos, parece, finalmente e contraditoriamente, nos ameaçar. Sem querer nem pensar que o fim do mundo está a um toque de dedos, muito embora confiemos que nenhum lunático possa ter alcance a este painel fatídico, é a tecnologia utilizada pelos simples mortais em suas atividades cotidianas que desponta como presságio de nosso fim.
Parece extremamente dramática a oração acima não? Mas, como num filme de ficção científica, coloquemos os fatos atuais como ilustradores desse temível futuro.
Hoje o ser humano sente-se cada vez mais conectado com tudo que o cerca mas está cada vez mais distante de seu interior. Quantas vezes observamos, em rodas de amigos, cada qual mexendo em seu novo brinquedinho, e distante dos demais? Não percebemos,  mas essa desconexão com nosso interior provoca uma profunda alienação sobre nós mesmos ao ponto de que quando precisarmos, em alguma situação mais séria, nos encontraremos despreparados. Viramos maquininhas teleguiadas?
A invasão da tecnologia em nossa vida não tem volta! São inegáveis os benefícios; sem ela, por exemplo, você não estaria lendo este texto no conforto de sua casa ou em seu local de trabalho, com um detalhe, o texto pode ser lido simultaneamente por um número sem fim de pessoas em qualquer lugar do planeta! Maravilhoso, porém não devemos colocar em risco o que já temos estabelecido. Os contatos presenciais, a troca de afeto, a garantia dos contatos que propiciam o verdadeiro aprofundamento das relações.
Quando a tecnologia está a serviço de nosso afastamento da vida real, ela produz resultados desastrosos. Será que casais não brigam por conta dela? Será que empresas não exploram seus funcionários por conta dela? Será que não estamos desperdiçando tempo útil com pessoas que amamos, como nossos filhos, por conta dela? O mais grave é que, na maioria da vezes, as pessoas não conseguem perceber o estrago causado pelo uso abusivo da tecnologia, e sem essa percepção, fica difícil uma contra-reação.
Esse movimento das pessoas, com um toque de cilada,  manifesta-se de forma a aliená-las de um mundo real que as cerca. Mundo este que nos envolve de maneira determinante. Os contatos virtuais não podem nunca ser mais importantes que os presenciais, pois o ser humano necessita dos contatos pessoais; esses, em um dado momento, tornam-se indispensáveis. Porém, como vivemos o aqui e agora, não podemos nos furtar de usufruir dos benefícios da tecnologia. Sendo assim, o segredo é construir uma interseção entre essas duas 'realidades' a fim de permitir o trânsito entre elas desenvolvendo um equilíbrio onde, a partir de todas as ferramentas que temos a disposição, possamos incrementar nossos relacionamentos. Fiquemos atentos para que a singularidade tecnológica* não ofusque, ou até mesmo destrua, nossa singularidade enquanto pessoas.
*Evento histórico previsto para o futuro, no qual a humanidade atravessará um estágio de desmedido avanço tecnológico em um curtíssimo espaço de tempo.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Humor




O humor nos salva. Se não fosse ele nossa vida seria 'apagada', sem brilho, sem cor, sem emoção. O humor funciona como um poderoso antídoto para as invariáveis dores ou dissabores que temos que enfrentar. Ele nos faz prosseguir. Quem consegue surpreender a si mesmo com uma boa dose de humor diante das adversidades, possui, certamente, um diferencial no que se refere a saber viver.
Não adianta se enganar. Quem vive sofre, se decepciona, se frustra, se estressa, Afinal, por estarmos vivos, estamos em constante ebulição. Então, o que poderíamos esperar ao levar uma vida com todos esses 'comemorativos', se não tivéssemos o alento do humor?
Você já reparou que pessoas bem humoradas são mais leves na vida? Comportam-se com uma espécie de savoir faire diante das dificuldades, não se opõem à elas, porém conseguem criar desvios, adiar preocupações, se desgastar menos, 'fazer dos limões uma limonada'.
Sabemos há muito que o bom humor influencia positivamente nosso sistema imunológico, atuando no sentido de nos livrar mais facilmente do 'lixo' que acumulamos, desde a má alimentação até o estresse cotidiano e inevitável. A liberação do cortisol e da adrenalina é necessária visto que o excesso desses hormônios está ligado ao aparecimento ou a piora de diversas doenças. Ou seja, mesmo com alguma doença já instalada, até mesmo o câncer, de forma indireta, é o bom humor que melhorará o indivíduo.
Existem pessoas que parecem ter vindo na vida a serviço. Sempre! São as pessoas 'pesadas', que não conseguem sorrir para nada, nem interiormente, e têm o poder maléfico de contaminar os que o cercam com sua antipatia, seu mal-querer. Essas, coitadas, cegas em seu tormento, passam toda uma existência sem se dar uma chance de melhorar, de se alegrar diante das coisas simples e gratuitas que a vida nos oferece, como a natureza, o sorriso ou os amigos. Mas, provavelmente pessoas assim com essas características não tem facilidade em atrair e manter amigos, muito pelo contrário servem como elemento repulsivo destes.
Ninguém quer estar perto de pessoas assim, amargas, difíceis. Para desfrutar melhor de nossa estadia aqui, procuramos nos aproximar de pessoas alegres, que conseguem no seu dia a dia identificar nas pequenas coisas o prazer de viver. Esses agraciados são certamente os bem humorados. Os que chegam e 'roubam' de maneira natural a atenção, por tão queridos que são. Ainda ontem escutei, em uma sessão, a descrição de uma dessas pessoas que, como dizia uma antiga paciente, só vivia de mal com duas 'coisas': Com Deus e com a humanidade. Era um pai que relatava o mau humor contínuo de seu filho jovem, sempre disposto a lançar 'patadas', gratuitamente. Que tal nos esforçarmos e percebermos que nossa vida é curta, que nossa convivência com as pessoas é efêmera e por isso deveríamos colocar o humor a serviço de nossas relações, sempre cultivando a alegria, a leveza? Não é um plano para viver acreditando neuroticamente que problemas não existem e que a vida é bela, irretocável. Longe disso! Porém, o objetivo é entender que temos como nos salvar dos fardos que passam por aqui de vez em quando. Como diz a canção, "a vida é bela, só nos resta viver".