sexta-feira, 11 de abril de 2014

Avanços?


NÃO!
Considerada como a característica mais marcante da história da humanidade nos últimos 300 anos, a aceleração dos avanços científicos e tecnológicos, parece, finalmente e contraditoriamente, nos ameaçar. Sem querer nem pensar que o fim do mundo está a um toque de dedos, muito embora confiemos que nenhum lunático possa ter alcance a este painel fatídico, é a tecnologia utilizada pelos simples mortais em suas atividades cotidianas que desponta como presságio de nosso fim.
Parece extremamente dramática a oração acima não? Mas, como num filme de ficção científica, coloquemos os fatos atuais como ilustradores desse temível futuro.
Hoje o ser humano sente-se cada vez mais conectado com tudo que o cerca mas está cada vez mais distante de seu interior. Quantas vezes observamos, em rodas de amigos, cada qual mexendo em seu novo brinquedinho, e distante dos demais? Não percebemos,  mas essa desconexão com nosso interior provoca uma profunda alienação sobre nós mesmos ao ponto de que quando precisarmos, em alguma situação mais séria, nos encontraremos despreparados. Viramos maquininhas teleguiadas?
A invasão da tecnologia em nossa vida não tem volta! São inegáveis os benefícios; sem ela, por exemplo, você não estaria lendo este texto no conforto de sua casa ou em seu local de trabalho, com um detalhe, o texto pode ser lido simultaneamente por um número sem fim de pessoas em qualquer lugar do planeta! Maravilhoso, porém não devemos colocar em risco o que já temos estabelecido. Os contatos presenciais, a troca de afeto, a garantia dos contatos que propiciam o verdadeiro aprofundamento das relações.
Quando a tecnologia está a serviço de nosso afastamento da vida real, ela produz resultados desastrosos. Será que casais não brigam por conta dela? Será que empresas não exploram seus funcionários por conta dela? Será que não estamos desperdiçando tempo útil com pessoas que amamos, como nossos filhos, por conta dela? O mais grave é que, na maioria da vezes, as pessoas não conseguem perceber o estrago causado pelo uso abusivo da tecnologia, e sem essa percepção, fica difícil uma contra-reação.
Esse movimento das pessoas, com um toque de cilada,  manifesta-se de forma a aliená-las de um mundo real que as cerca. Mundo este que nos envolve de maneira determinante. Os contatos virtuais não podem nunca ser mais importantes que os presenciais, pois o ser humano necessita dos contatos pessoais; esses, em um dado momento, tornam-se indispensáveis. Porém, como vivemos o aqui e agora, não podemos nos furtar de usufruir dos benefícios da tecnologia. Sendo assim, o segredo é construir uma interseção entre essas duas 'realidades' a fim de permitir o trânsito entre elas desenvolvendo um equilíbrio onde, a partir de todas as ferramentas que temos a disposição, possamos incrementar nossos relacionamentos. Fiquemos atentos para que a singularidade tecnológica* não ofusque, ou até mesmo destrua, nossa singularidade enquanto pessoas.
*Evento histórico previsto para o futuro, no qual a humanidade atravessará um estágio de desmedido avanço tecnológico em um curtíssimo espaço de tempo.

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