Em frente à minha casa tem uma casa-ruína, de tão mal conservada que ela é! Meu sofá é frontal à fachada dela, onde, por uma janela, vejo, em contraste, a feiura da casa e a beleza de beija-flores que invariavelmente vêm beber a água açucarada que dispensamos a eles. Agora sentada no sofá, em um raro momento de ócio matinal de sábado (o dia mais amado, que no passado já foi um dia normal de trabalho com consultório cheio) bateu uma vontade de registar (saiu assim no corretor da terrinha), algumas sensações.
Por meu ângulo também vejo a mesa de oito lugares, que abriga mais alguns dependendo dos queridos que recebemos. Penso que não seria exagero chamá-la de mesa das risadas ou mesa da alegria. Penso, ato contínuo, que algumas coisas na vida realmente não têm preço. Têm valor! Um valor imensurável, inestimável! A reunião com os filhos amados, e agora com suas famílias que incluem duas pessoinhas lindas, um menino e uma menina, o encontro assíduo com o subnúcleo mãe, irmã, cunhado, sobrinha (que ultimamente não tem comparecido e brincamos dizendo que ela necessita de convite especial).
Nunca me preocupei com o passar do tempo. ´Apenas’ desejo usufruir de saúde física e mental, para (ainda) poder realizar coisas que me fazem feliz.
A tristeza vem por reconhecer, no entorno, o egoísmo de algumas pessoas. A idade realmente nem sempre agrega sabedoria. Por vezes agrega características ruins, qualidades negativas, afastamento, dor.
Cada um de nós tem uma ‘conta’ emocional de onde, queiramos ou não, serão feitas operações de crédito e de débito, de acordo com o que investimos. Se eu investi amor e cuidados, os receberei. Do contrário, (ah, do contrário…) tristeza e dor estarão a caminho. Sem saber disso, algumas pessoas só se preocupam com o que acumulam na conta bancária.
A paz interior vem das ações exteriores, do que fazemos na vida, dos elos construídos, da doação que implementamos. Paz não vende em loja!
A felicidade que em nós habita é resultante de um trabalho contínuo de desapego do egoísmo e de atenção ao que realmente interessa.
Pensemos nisso agora. Pensemos nisso sempre! Para que no futuro possamos contemplar com tranquilidade casas-ruínas e mesmo assim e apesar disso, ter elementos felizes para contrastar com essa feia imagem e concluir: a vida é boa!
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