sábado, 2 de abril de 2022

Vampiros e Jacarés

Certamente vocês irão se perguntar o que essa imagem está fazendo aqui no blog. Pura inspiração! Bati o olho nela nas primeiras horas do sábado e resolvi escrever.

Nunca uma imagem exprimiu (e imprimiu) tanta verdade em relação ao que acontece quando ficamos desatentos diante de alguns relacionamentos. Vale para relações afetivas, amorosas, de trabalho, enfim, vale para a vida.

Chocante e sanguinolenta, de cunho político pelo detalhe da camiseta amarela, o cartoon do genial Duke (Eduardo dos Reis Evangelista) nos mostra, metaforicamente, o que pode acontecer quando 'dormimos' frente à atitudes de pessoas que se aproximam para usurpar e dominar uma vida que não lhes pertence.

Lembrando aqui também da metáfora do jardim com lindas rosas vermelhas (nesta o vermelho retratado de forma bem menos agressiva do que no cartoon de Duke), quando, começando a contemplar um lindo jardim, o admirador 'cara de paisagem' arrebata o mesmo. No primeiro dia, ele passa e olha, no segundo, elogia, no terceiro, pede uma rosa, no quarto, uma muda, e por fim, leva o jardim todo. 

Gil e Caetano escreveram, na atemporal canção Divino Maravilhoso, também alusiva a um cenário político, que 'é preciso estar atento e forte' e essa máxima deveria pautar nosso dia, nossa rotina e nossa vida. Não temos tempo para desatenções, para vacilos.

Em nosso entorno quase sempre temos vampiros emocionais prontos a sugar nossa paz, nossa autonomia, nossa vida. Não é difícil identificá-los. Para um bom observador da vida, eles nunca passam despercebidos. Uma característica desses vampiros é a falta de reciprocidade. Eles nunca retribuem a atenção, o afeto, os favores que lhes são oferecidos. Pelo menos não na mesma medida, sempre desigual para menos. Também nunca se satisfazem, querendo sempre mais, passando por cima de qualquer limite de razoabilidade. Por essa característica, o termo 'vampiro' tornou-se extremamente adequado pois estes são ávidos pela essência vital de suas vítimas, limpam-as de toda a energia fazendo com que elas desviem o objetivo essencial e portanto necessário, que é o de cuidar de suas próprias vidas, para atender as demandas e desejos do outro. Grande cilada.

Detalhe é o fato de que esses exploradores nem sempre têm a imagem assustadora do jacaré do cartoon de Duke. Eles podem ser dóceis, podem ter vínculos parentais com seus explorados (inclusive muitos valem-se desses vínculos), e por esta razão, inclusive, ocorre a dificuldade de algumas pessoas em denunciar situações assim e estabelecer limites.

A questão que aqui se impõe, é a da permissividade. Até que ponto vamos permitir que isso aconteça? E por quê? Porque permitimos que alguém faça isso conosco? Qual o limite seguro para, apesar das demandas e influências do outro e até, apesar do possível afeto que possamos sentir por ele, possamos manter nossa individualidade e garantir a preservação de nossa saúde mental e consequentemente física e integral? Quando iremos perceber que, embora sem desaparecer, como o personagem do cartoon engolido pelo jacaré, também corremos o risco de ter nossa integridade enquanto pessoa ameaçada por pessoas quem não têm limites

Se você apresenta dificuldades em identificar os vampiros emocionais de sua vida, procure uma terapia. Salve-se! Vou estar sempre aqui para lhe lembrar que a vida é breve e portanto merece ser vivida com qualidade nas relações. Não se deixe explorar por ninguém! Você não merece! Aprenda e se proteger! Saiba que o autocuidado é essencial para não adoecermos. Usando a canção, e sem exageros, posso afirmar que, seguindo os passos acima, sem trocadilho, a vida pode sim ser maravilhosa. Subverta a mensagem de resistência da música. Aqui a pauta não é 'resistir' e sim transformar e, se necessário, revolucionar a vida.





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