Já repararam que existem pessoas que nos 'presenteiam' com o que não nos cabe? São recorrentes na vida situações onde estamos sendo atingidos por agressões sem merecer. Sentimentos negativos deslocados de seu objeto alvo original e que causam no mínimo, um máximo desconforto a quem os recebe (o trocadilho é proposital).
O fato descrito acima ocorre porque algumas pessoas não se 'vêem', isto é, desconhecem totalmente seu movimento psíquico, suas motivações, seus desejos, suas frustrações, suas insatisfações na vida. Este fenômeno - o de que nossa vida não é um 'mar de rosas' - deveria ser encarado com mais naturalidade, sem os dramas excessivos que em geral permeiam essa constatação.
Precisamos de uma dose de desassossego, de contrastes, de lutas, de decepções, até para movimentar a vida, para sentir que podemos nos desenvolver, fortalecer e crescer. A vida perfeita seria um tédio, essa que é a grande verdade!
Aqui estamos para receber apenas o que nos pertence, seja para o bem ou para o mal, sejam elogios ou críticas negativas e não um pacote que não nos é devido. Se uma pessoa sofre alguma pressão em seu cotidiano de alguém e sente-se mal por isso, seu problema deve ser resolvido com esse objeto; se está com problemas em casa, resolva em casa, não leve para o trabalho! Ninguém tem culpa pela sua inoperância diante do seu 'objeto-algoz', resolva-se com ele! Mas, para que isto ocorra, é necessário um olhar atento para dentro (para as insatisfações resultantes da agressão cometida pelo objeto-algoz) e um olhar para fora (identificador das insatisfações produzidas pelo sujeito-vítima aos outros que nada têm a ver com o fato). Temos que saber identificar o que compete a nós receber, sob pena de nos distanciarmos cada vez mais do que merecemos na vida. Se aceito tudo o que me jogam (inclusive o que eu não deveria aceitar), vou encolhendo como pessoa, me submetendo ao bel prazer do agressor e comprometendo seriamente minha auto-estima. Quando, como uma válvula de escape inconsciente, projeto em meus próximos essas agressões desviadas, comprometo esses relacionamentos, afasto os que me querem bem por culpa das ações dos que me querem mal. É um enigma complexo de decifrar que muitas vezes só se desvenda em uma situação terapêutica.
Nossos problemas tem que ser resolvidos no aqui-agora com os objetos certos, sem deslocamento.
Enquanto insistirmos na cegueira acerca de nosso funcionamento, ficamos expostos a todo tipo de violência psíquica, causando danos imensuráveis ao que teríamos que mais prezar: O nosso ser!
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