sexta-feira, 23 de maio de 2014

" A maior felicidade das pessoas ainda é quando conseguem estabelecer vínculos amorosos de qualidade". Flávio Gikovate.



Lendo um artigo sobre consumismo no Brasil da atualidade, focalizando principalmente na nova elite brasileira, os chamados 'novos ricos' e seus exageros 'gastatórios', no qual o psiquiatra e psicoterapeuta Flávio Gikovate aponta com muita assertividade as causas e caminhos da felicidade e/ou infelicidade desse grupo, inspirei-me a traçar algumas considerações sobre um tema sempre recorrente, a importância do dinheiro ou de sua falta na vida dos indivíduos e quanto somos norteados e direcionados ao simbolismo que ele ocupa na sociedade atual.
Apesar de estudos em Harvard apontarem para a impossibilidade de sermos felizes sem termos garantidas as nossas necessidades básicas, como saúde e alimentação (o que no meu entender qualquer ser humano com um pouco mais de sensibilidade reconheceria, para si e para os outros), na contramão desses resultados, parece que em um nível de maior acúmulo, o dinheiro provoca mal estar e infelicidade. Surpresos? Pensem um pouco e talvez responderão: "Nem tanto".
O dinheiro pode atrair pessoas para quem o tem (aí, infelizmente todo tipo delas, inclusive os invejosos, os falsos amigos, etc), e pode também afastar as pessoas, quando, pelos mais variados motivos, o dinheiro resulta em elemento desagregador, tornado a pessoa que o tem como um ser diferenciado para as demais, muitas vezes porque o próprio 'endinheirado' julga-se diferente, para melhor.
Engana-se quem pensa ser dinheiro sinônimo correto e direto de felicidade. O que é pior, engana-se 'redondamente', engana-se muito! Dinheiro não é patrimônio de felicidade!
O dinheiro pode ser o elemento mais estressor para quem o tem, quando estas pessoas desenvolvem uma relação de apego com ele, por exemplo. Quando o acumular passa a ser doentio, passa a ser mais fundamental do que aproveitar os benefícios que ter um pouco mais de dinheiro traria. Ou, ao contrário, quando as pessoas exageram num consumismo sem noção e sem fim, muitas vezes acumulando coisas que não precisam, que não usufruem, que não tem prazer nenhum em ter. Compram para ostentar, mostrar, exibir e o desejo ligado ao objeto inexiste. É um movimento repetitivo infindável, produtor, no final das contas, de um imenso vazio. Vazio este que apenas os sabores e dissabores dos relacionamentos entre as pessoas poderia produzir. Parece que foi para isso que fomos projetados e, como conclui Flávio ao final de seu artigo e que dá título a este texto: "A maior felicidade das pessoas ainda é quando conseguem estabelecer vínculos amorosos de qualidade". Complementando, talvez esta seja a verdadeira loteria da vida!

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