quarta-feira, 30 de julho de 2014

Desejo

                        
Foto de Felipe Ventura.
Desejo, em Psicanálise, é um conceito complexo e difuso. Desejo vem a ser uma espécie de ‘insistência’ na vida, um eixo que nos conduzirá (e contraditoriamente, também não) a tudo o que fazemos ou deixamos de fazer. Somos sujeitos ao mesmo tempo conduzidos e ‘não-conduzidos’ pelos desejos.
A variedade de conceituações acerca de desejo em Psicanálise define sua característica difusa. O desejo pode ser simétrico, assimétrico, transparente, recalcado, enigmático, reprimido, consciente, inconsciente, e provavelmente, eu poderia encher uma ou mais laudas desse texto só nomeando conceituações de desejo.
O desejo tem lugar. E lugar de destaque em todo ser vivente, mesmo naqueles que não têm consciência do que querem. O desejo está ligado à felicidade e à infelicidade. O desejo só não sofre de omissão, ele é sempre ‘posto’, mesmo quando encoberto; ele nunca erra, sempre aponta para os verdadeiros fatos, para aquilo que realmente interessa.
Por tudo isso, o desejo nunca é mentiroso, nunca uma falácia. É sempre puro e verdadeiro, mesmo quando negado com todas as forças de quem o tem. Por vezes (e às vezes muitas), ele se esconde, se disfarça, se camufla, mas de repente eclode e ‘trai’ quem o nega. Quanto mais tardar a reconhecê-lo, acatá-lo e aceitá-lo mais tempo vai, e se esvai nos meandros dessa complexa teia que envolve e emaranha nossa vida.

O desejo é realizado, para logo dar lugar a outro, importante e fundamental processo para o psiquismo, pois sem o desejo, estaríamos ‘mortos’, emocionalmente falando. Precisamos reconhecer quando o desejo se apresenta e suas (às vezes presentes), impossibilidades de realização; precisamos contar com a falta, lugar absoluto em nossas vidas. A sobrevivência emocional vem da resolução dessa equação permanente, o equilíbrio entre desejo e sua realização e a falta, o ‘buraco’ sempre presente representado pela angústia, que nunca nos abandonará enquanto vivermos. Como disse Lacan, passamos a vida a indagar ‘o que quero?’, “o que o outro quer de mim? Respondendo essas perguntas temporariamente e nos angustiando com a volta delas sempre que achamos que estas foram devidamente respondidas. Assim, vivemos a vida e ficamos sempre em brancas nuvens. É o preço que pagamos por esta armadilha do desejo!

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