Foto de Felipe Ventura. |
Desejo, em
Psicanálise, é um conceito complexo e difuso. Desejo vem a ser uma espécie de
‘insistência’ na vida, um eixo que nos conduzirá (e contraditoriamente, também
não) a tudo o que fazemos ou deixamos de fazer. Somos sujeitos ao mesmo tempo
conduzidos e ‘não-conduzidos’ pelos desejos.
A variedade
de conceituações acerca de desejo em Psicanálise define sua característica
difusa. O desejo pode ser simétrico, assimétrico, transparente, recalcado,
enigmático, reprimido, consciente, inconsciente, e provavelmente, eu poderia
encher uma ou mais laudas desse texto só nomeando conceituações de desejo.
O desejo tem
lugar. E lugar de destaque em todo ser vivente, mesmo naqueles que não têm consciência
do que querem. O desejo está ligado à felicidade e à infelicidade. O desejo só
não sofre de omissão, ele é sempre ‘posto’, mesmo quando encoberto; ele nunca
erra, sempre aponta para os verdadeiros fatos, para aquilo que realmente
interessa.
Por tudo
isso, o desejo nunca é mentiroso, nunca uma falácia. É sempre puro e
verdadeiro, mesmo quando negado com todas as forças de quem o tem. Por vezes (e
às vezes muitas), ele se esconde, se disfarça, se camufla, mas de repente
eclode e ‘trai’ quem o nega. Quanto mais tardar a reconhecê-lo, acatá-lo e
aceitá-lo mais tempo vai, e se esvai nos meandros dessa complexa teia que
envolve e emaranha nossa vida.
O desejo é realizado,
para logo dar lugar a outro, importante e fundamental processo para o
psiquismo, pois sem o desejo, estaríamos ‘mortos’, emocionalmente falando.
Precisamos reconhecer quando o desejo se apresenta e suas (às vezes presentes),
impossibilidades de realização; precisamos contar com a falta, lugar absoluto
em nossas vidas. A sobrevivência emocional vem da resolução dessa equação
permanente, o equilíbrio entre desejo e sua realização e a falta, o ‘buraco’
sempre presente representado pela angústia, que nunca nos abandonará enquanto
vivermos. Como disse Lacan, passamos a vida a indagar ‘o que quero?’, “o que o
outro quer de mim? Respondendo essas perguntas temporariamente e nos
angustiando com a volta delas sempre que achamos que estas foram devidamente
respondidas. Assim, vivemos a vida e ficamos sempre em brancas nuvens. É o preço que pagamos por esta armadilha do desejo!
A capacidade de sustentar um desejo é para poucos!
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