Será que temos a atenção de ver que a cada dia que vivemos, estamos abraçando ou desperdiçando vida?
Relendo o poema da americana Nadine Stair, erradamente atribuído ao argentino Jorge Luis Borges percebo o quanto as pessoas podem garantir o melhor ou o pior em suas vidas.
Na hora em que nos submetemos à situações que nos colocam frente à uma tomada de decisão, quando percebemos o quanto estamos suportando o que, como diz a música, não dá mais pra segurar, temos a chance da mudança, do recomeço.
Ninguém deveria nem minimamente aguentar o que não gosta. Não falo aqui das "coisinhas" de nossa rotina de pobres mortais: Acordar cedo, trabalhar em horários que às vezes não queremos, lidar com coisas e pessoas nem tanto fáceis. Falo aqui de aguentar o que nos faz mal, o que nos destrói lentamente, o que nos fragiliza.
Conheço pessoas que levam ao limite da exaustão esse "aguentar". Sufocam-se em desejos e normas do outro em detrimento de seus próprios desejos. O outro rouba-lhe a calma e a alma. Ficam reféns de um controle absurdo. Adaptam-se perniciosamente ao que lhe é imposto. Viram um "zero à esquerda", chegam ao subsolo. Porque? Quem precisa submeter-se à isso? Ninguém!
As pessoas que vivem assim nem desconfiam de seu poder de reação, de sua capacidade de mudança.
Primeiro é necessário identificar essa situação, explorar o que ocorre e inserir-se no cenário entendendo quais os prejuízos que estão sendo permanentemente colhidos pela aceitação tácita das regras do outro. Ninguém precisa ser mal tratado. Ninguém merece. Ninguém deve aceitar ser mal tratado.
Quem é doente precisa se tratar. Estou falando do outro lado - da outra pessoa -. Isto é, quem aceita, também não está bem, mas quem impõe seus rigores, está cego.
Denunciada a situação, quando as cartas - os problemas - são colocados na mesa, não há como arrastar um prazo indefinido para que o outro enxergue que está lidando com um ser humano, que tem desejos próprios, vontades, objetivos e o irrefutável direito de conduzir sua vida. Nas ações mais simples e nas mais complexas. Quanto mais o tempo passa, a vida também passa. E ai? Arrepender-se aos 85 anos será um pouco tarde demais.
Abaixo o poema, para refletir:
Instantes - Nadine Stair
Se eu pudesse viver novamente a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido;
na verdade, bem poucas pessoas levariam a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvete e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu
sensata e produtivamente cada minuto da sua vida.
Claro que tive momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar a viver,
trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feito a vida:
só de momentos - não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma
sem um termômetro, uma bolsa de água quente,
um guarda-chuva e um pára-quedas;
se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver,
começaria a andar descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres
e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos
e sei que estou morrendo.
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido;
na verdade, bem poucas pessoas levariam a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvete e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu
sensata e produtivamente cada minuto da sua vida.
Claro que tive momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar a viver,
trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feito a vida:
só de momentos - não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma
sem um termômetro, uma bolsa de água quente,
um guarda-chuva e um pára-quedas;
se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver,
começaria a andar descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres
e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos
e sei que estou morrendo.