Amar demais devia ser bom. Sempre. Mas não é. É sabido que quando o amor ultrapassa a fronteira do amor-próprio, ele é prejudicial. Independente de sexo ou de orientação sexual, o ser humano pode amar demais, nesse sentido danoso, errado.
Nosso primeiro amor é com nossa mãe, nos primeiros momentos de vida, quando temos o seio e o colo.
Substituímos esse amor lentamente, por outros amores, apesar daquele ser sempre nossa primeira referência de amor.
Amar deveria proporcionar sempre felicidade. Ajudar a enxergarmos 'passarinhos verdes' logo ao acordar; Amar errado faz com que nem consigamos dormir. Amar errado impregna, contamina e conspira contra a paz interior.
As causas que explicam porque certas pessoas se habituaram a sofrer em seus relacionamentos são muito complexas. Baixa auto-estima, dificuldade em acreditar que pode ser feliz, dificuldade em enxergar a realidade de um relacionamento falido, situações emocionais passadas que foram negativas e tornaram a pessoa acostumada ao amor do tipo doentio e à dor emocional. Pessoas assim desenvolveram uma tendência a se envolver em relacionamentos problemáticos, cheios de dor, aceitando tudo que lhe oferecem, o pouco que lhe dão, como se fossem migalhas essenciais à sua subsistência. Aceitam o desamor, os maus tratos emocionais e até físicos, a humilhação.
Em função do pavor do abandono, iludem-se visualizando uma conexão com um futuro feliz que certamente não chegará, pensando que em um dia o outro vai acordar diferente, valorizando, reconhecendo e retribuindo seu sentimentos em relação à ele e considerando seus interesses tão importantes quanto os dele. O que indica que um futuro será feliz é o presente que vivemos. Só ele pode sinalizar o que vem pela frente. Portanto, se hoje o amor produz não felicidade, dificilmente amanhã ele produzirá.
Para começar um processo de mudança (sim, processo, porque não se vai dormir de um jeito e acordar de outro) é necessário investir em si próprio fazendo um mergulho em direção ao autoconhecimento para identificar no passado, seja remoto, na infância, ou mais recente, em relacionamentos anteriores, o que pode ter sido determinante para sedimentar essa situação emocionalmente destrutiva.
O amor deveria ser um regulador de nossa vida psíquica porém quando ele é asfixiante e dominador ele extermina tudo o que tem mais valor na vida.
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