sexta-feira, 31 de maio de 2013

Passado: Não Vivo Mais Lá!



O passado tem especial importância no tratamento analítico. Muito do que somos é explicado pelo nosso passado, considerando até mesmo o momento em que ainda nem existíamos. O relacionamento de nossos pais por exemplo, a espera desse filho que chegaria depois. 
O passado é assim valorizado para que através da análise dos fatos vivenciados, de como 'funcionamos' nessas ocasiões, possamos expandir-nos para o presente e alcançar um futuro mais efetivo e feliz. É objetivo da análise atuar nas reminiscências, no que ficou recalcado, no que ficou pendente, com o objetivo de libertar-nos em um momento posterior. Porém, na vida, ao contrário do processo analítico, o passado quando volta em demasia, o futuro não consegue se pronunciar tampouco o presente é bem vivido.
Você conhece pessoas que vivem de passado? Ou no passado? Quais seriam as razões? Excesso de felicidade, quando não conseguem se desfazer de velhas lembranças que lhes alimentam a alma? Ou simples dificuldade de atualizar a vida?
O passado certamente nos compõe, porém ele não deve funcionar como a etapa mais importante em nossas vidas. A etapa mais importante é o presente. O momento mais importante é o agora.
Atualizar a vida significa ir dia a dia checando nossos caminhos. Para onde estamos indo. Nossa vida está satisfatória ou estamos meramente acordando, trabalhando, comendo, existindo enfim?
Quando ficamos presos ao passado não conseguimos vislumbrar saídas interessantes. Estamos alheios à nossas possibilidades. Nos apegamos à algo que já ocupou um grande sentido em nossas vidas mas ficou para trás. E lá, naquele lugar, parece que não vai conseguir fazer muita diferença. O passado inegavelmente nos constitui mas temos um presente que precisa ser vivido em sua plenitude e mais uma vez, o apego ao passado atrapalha.
Lembrando um pouco os acumuladores que ao longo da vida vão criando um museu de objetos, os quais estão conectados à lembranças, quem se apega ao passado entulha a alma de trash dificultando a remoção de espaço para novas experiências, novas aventuras, novos sorrisos, novas vivências.
Assim, atolados em uma montanha simbólica de conteúdos mortos, não conseguem viver a vida, com toda a leveza que isso requer. Quanto mais acumulam, guardam e rendem homenagens à uma situação inexistente, proporcionalmente menos enxergam seu momento de vida atual. Seu hoje, seu agora. 
Não empobreça sua vida perdendo-se em lembranças; alimente-se delas para projetar novos sonhos, para viver o que existe agora e desenvolver material para o que virá - de bom - no futuro.

terça-feira, 28 de maio de 2013



Em todos esses anos de prática clínica, uma única vez recebi uma pessoa que tinha como finalidade ao fazer terapia "apenas" se conhecer. Todos os demais vieram por situações, sintomas, padecimentos. 
Quantas vezes já ouvimos falar que 'o corpo fala'? O corpo não só fala, como grita, e às vezes até agoniza!
Os sintomas surgem com a função de sinalizar que algo não vai bem. No plano psíquico, é o encontro do sujeito com algo que ele não consegue no momento dizer, não consegue expressar para si mesmo. Depressão, fobia, inibição, angústia, apatia, disfunções sexuais, sintomas somáticos que afetam órgãos, e outros tantos mais e inumeráveis. A interpretação dos sintomas é sempre subjetiva, levando em consideração que cada ser é único, com particular história de vida.
Chega a ser compreensível que no corre-corre da vida não priorizemos os nossos sinais. Eles se pronunciam bem precocemente quando algo não está de acordo com nossos desejos. Primeiro tentamos excluir, contornar, fugir, disfarçar, para só depois, em um momento posterior (quando a dor já está instalada) admitir que há algo errado e encarar (nem sempre).
Passamos a vida a adiar. Adiar nosso auto-conhecimento, a realização de nossos desejos, o enfrentamento de nossas angústias. Alguns chegam a ser tão bons nesse particular - o do disfarce -, que passam uma vida toda acreditando neuroticamente em uma condição de felicidade inexistente. Agem como atores que representam um papel muito bem ensaiado e portanto convincente de sua história. Como se suas vidas fossem uma interminável peça teatral, com vários atos e estes sempre simbolizam o que de melhor a vida pode oferecer. Mas no seu interior, é uma verdadeira tristeza, às vezes desintegração. Não passam no teste do quarto escuro. Imaginem ficar em um quarto sem luz, sem barulho, sozinhos com seus pensamentos e estes lhe levarem à uma inigualável condição de paz interior, nada o perturba, o momento e a vida são perfeitos. Este seria o teste. Pena que nós, pobres mortais, não tenhamos consciência de quão rápida é nossa vida, que, como disse o poeta, é um 'sopro'. 
Os sintomas surgem com a função de sinalizar que algo não vai bem. O sintoma sempre comporta uma verdade e por isso 'pede' uma interpretação. As pessoas tendem a achar no sintoma um problema; ao contrário, ele é muito mais uma solução. Se conscientes disso, conseguiremos viver, e não representar,  para nós mesmos e para os outros, no palco de nossa vida.
Meramente ilustrativo, pois não existe de forma alguma essa relação de causa e efeito (se assim fosse seria muito fácil), eis o texto abaixo (autor desconhecido, circula na internet). Lembrando: Os sintomas na sua representação e sua leitura são sempre subjetivos.



domingo, 26 de maio de 2013

Tire a Carranca!



Todos os meses ganho uma revista religiosa e na última que li tinha um artigo que falava sobre 'atitudes mentais que rejeitam a prosperidade'. Claro que em se tratando de uma revista de cunho doutrinário, voltada para a ideologia e filosofia daquela religião, as colocações refletem o pensar daquela doutrina, porém achei interessante a seguinte colocação: Uma cara carrancuda (assim mesmo) dificulta, senão impede a prosperidade. Chamou-me a atenção porque particularmente não suporto pessoas carrancudas, de mal com duas coisas: Com Deus e a humanidade. Farei aqui as minhas colocações, à luz dessa leitura, que além de interessante foi bem ilustrativa de uma realidade que nos cerca.
Fiz de cara (respeitando o trocadilho), a analogia com as carrancas utilizadas na proa das embarcações que navegam pelo rio São Francisco, famosas figuras do folclore nordestino. Pode-se falar tudo delas, desde convicções reais, que são adornos e que chamam atenção dos potenciais clientes ribeirinhos, até opiniões carregadas de misticismo como que elas têm o poder de espantar os 'maus espíritos' ou que atraem muitos peixes; porém, ninguém jamais pode dizer que elas são bonitas. Longe disso.
Assim sendo, as 'carrancas' das figuras humanas, ou seja, as pessoas carrancudas, começam por ser feias de se ver; nada atraentes para se aproximar. Um sorriso, uma face relaxada, sem as rugas representantes das rusgas da vida já seriam de fácil admiração. Logo, num impulso, dei razão à máxima da revista e ainda completei: Uma cara carrancuda não atrai nada; e não somente não atrai prosperidade. 
A explicação dada pelo autor do artigo Yoshihico Iuassaca seria que pessoas assim geralmente são portadoras de uma mente sombria, sempre com pensamentos negativos, de derrota, tornando com sua expressão de "cara fechada", o ambiente desagradável, afetando à si mesma e as pessoas à sua volta. Realmente, lembrei-me que conheço pessoas assim, carregadas, às quais parece que 'nenhuma paixão as diverte'; isso se algum dia elas souberam o que é uma paixão!
Foi fácil aceitar os desdobramentos dessa atitude, ou seja, que quando fechamos a cara, fechamos a alma, ficamos sem saída. Ficamos isolados em nossa dor; sozinhos; envoltos por uma aura de conteúdos negativos que concorrem para a situação parecer sem saída.
A intenção de viver é viver bem, ser feliz. Cara de mau humor não combina definitivamente com felicidade. Vamos identificar possíveis situações onde, talvez sem perceber ou mesmo querer, 'presenteamos' os outros com nossa 'carranca'. Vamos tentar sorrir, trazer leveza à vida; valorizar o fato de que podemos mudar o caminho e começar o processo de transformação de um rosto sombrio, carregado, em um rosto atraente, que convida a ser mirado (e isso independe de beleza física ou idade). Um rosto de aspecto hostil representa um portão fechado para tudo. Não só para a prosperidade como sugere o artigo.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Tenha Uma Vida Rica De Vida




Lendo um dos inúmeros textos que chegam pela net, deparei-me com um que dizia: "Tenha uma vida rica de vida". Pus-me a pensar. Essa frase soa forte. É imperativa. Ao mesmo tempo é um alerta para todos nós que ainda estamos por aqui.
Parando para pensar, identificamos muitas coisas que tomam um grande espaço em nossas vidas sem merecer. Nos preocupamos com mínimos detalhes; queremos tudo a tempo e a hora; esquecemos de rir; respiramos no automático!
Ter uma vida rica de vida significaria exatamente o que? 
Creio que a primeira elucidação dessa frase seria buscar o que nos faz feliz de uma maneira saudável. Nada no exagero. Nada da palavra 'demais'. Trabalhar demais; preocupar demais; comer demais; beber demais. Demais, em excesso, só coisas boas: Amar demais, rir demais, brincar demais, abraçar demais, viajar demais e por ai vai...cada um que encontre o seu 'demais' e seja feliz!
Questionar o sentido de tanto fazer, de tanto buscar, de tanto trabalhar, de tanto acumular. Para que? Com essas atitudes estamos escondendo o quê? O que nos move? O que nos distancia das coisas simples que dão sentido à nossa vida e o que nos aproxima de coisas sem importância? Que paixão nos diverte?
Perceber que a vida é curta deveria nos levar à uma mudança radical de atitudes. Deveria nos sensibilizar para o reconhecimento do que realmente importa.
Para conseguir ter um sistema ecológico equilibrado é necessário desalienar-se de si próprio, saber o que se quer. Só assim podemos nos aproximar de nossas verdades mais absolutas.
Viver o prazer sem ser hedonista. Entender definitivamente, que em nada ajuda adiar o prazer, fazer planos que nunca chegarão, alimentar-se de sonhos impossíveis. O que vale é sonhar com as possibilidades, trabalhar por elas. 
Imaginar sua vida como a representação de uma pintura inacabada. Desenhar ou redesenhar quantas vezes forem necessárias até fazer todos os contornos desejados. Tentar exaustivamente trazer colorido à vida. Aqui, agora e já!

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Apego ao Dinheiro



Impressionante como certas pessoas são demasiadamente apegadas à dinheiro, à bens materiais. Triste perceber que a grande maioria - senão a totalidade - de pessoas assim, proporcionalmente são desapegadas de pessoas. Não no sentido positivo (deixar a pessoa viver), mas no sentido negativo (não conseguir apegar-se, envolver-se, amar). É triste porque da vida nada se leva. Ainda não inventaram caixão com gaveta, mas se inventassem pra que serviria?
Triste constatar que pessoas assim além de não viverem a vida por apego exagerado (não posso gastar, tenho que guardar, economizar, acumular), incomodam-se com quem o faz. Inveja? Pode ser. É como se ficassem horrorizados com a capacidade que outros tem de gozar a vida, aproveitar.
Li uma máxima hoje que dizia: "Só pra lembrar: No final desse filme a gente morre. Por isso viva, dance, cante, grite, sorria, espalhe o amor, seja livre, curta cada momento da sua vida".
Pessoas com apego exagerado ao dinheiro nunca conseguirão desfrutar do sentimento de felicidade provocado pela realização dos desejos, dos mais simples aos mais sofisticados. De estar com os amigos à fazer a viagem dos sonhos. Sua doença não deixa, o impede. Pessoas com problema de apego ao dinheiro não conhecem a linguagem do desejo; são tão meramente - e olhe lá, às vezes - regidos pela lógica da necessidade. Porém, há um esforço contínuo por parte dessas pessoas para desejar não desejar. Lhe parece loucura? Pois é...
O teatro, a literatura, a Psicanálise, são áreas que exploraram com profundidade questões do apego ao dinheiro, mostrando que esses personagens tiveram uma relação afetuosa original restrita com o outro e esta seria a raiz deste mal. Pessoas assim tiveram uma infância afetivamente pobre e tratam os demais como foram originalmente tratadas: Com restrições de afeto, que as privaram de tudo o que poderia fazê-las funcionar adequadamente na vida.
Pode ser difícil, sem se ater aos estudos psicanalíticos, entender o que movimenta o funcionamento psíquico das pessoas apegadas ao dinheiro, mas, simplificando absurdamente, seria assim: O dinheiro que se acumula representaria um símbolo do afeto que precisava receber e não recebeu. E nunca receberá pois seu apego ao dinheiro lhe afasta definitivamente das pessoas que poderiam lhe dar amor, equilibrando dessa forma essa situação de absoluta perda.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Quando Um Certo Alguém...



São fantásticas as vivências de amor quando realizadas com a pessoa certa. O que seria isso?
Entregar-se à alguém confiável, inspirador de credibilidade, que não indique que vá lhe fazer sofrer. Claro que em geral, ninguém coloca seus defeitos - grandes ou pequenos - em seu cartão de visita, mas sempre é possível reconhecer alguns sinais de 'barca furada' nos relacionamentos.
Ao contrário, quando o outro sinaliza interesse, encantamento, vale a pena investir. Algumas pessoas se fecham em copas para os sentimentos. Têm medo de apostar, de viver, de amar.
Qual o sentido de vivermos sem nos encontrarmos com nosso par, a metade da laranja, o outro lado da moeda, a alma gêmea, ou o que quer que seja?
Desde o tempo das cavernas o objetivo do homem é se agregar com alguém. Seja por um instinto meramente sexual, seja por algo mais sofisticado, maior, o sentimento, o amor.
Ninguém precisa passar pela vida em branco, afetivamente falando. É dar espaço para as pessoas acontecerem em sua vida. Dar a chance de sair da condição cinza, opaca, de quem não troca afetivamente, e simplesmente amar. Deixar fluir. Correr riscos faz parte, como em tudo na vida.
Não há como abrir mão dos cuidados que sempre devem estar presentes. Aqueles que a observação nos trás. Enxergar quem é esse outro que se aproxima; perceber se ele é capaz de amar ou se é um causador de danos; perceber se ele consegue partilhar desejos ou se é um egoísta; perceber se ele sabe amar saudavelmente ou se é um doente do afeto.
E prosseguindo, passada essa fase de reconhecimento, apostar alto, com força, com vontade, com todas as fichas disponíveis. Beber da fonte; esforçar-se, incrementar, apaixonar-se. Sem medo e sem pudor. Sem medo de ser feliz. Fica a mensagem da música do Lulu: "Quando um certo alguém desperta o sentimento, é melhor não resistir e se entregar".

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Mudar a Vida, Mudar de Vida.




Quantas vezes já quisemos romper com tudo, com a pseudo ordem estabelecida, e mudar de vida?
Parece-nos atraente a ideia de que existe uma vida, que poderíamos estar desfrutando, completamente diferente da que estamos vivendo.
Aumentar o brilho com que enxergamos nosso dia, nosso trabalho, nossos relacionamentos. Romper com coisas que não gostamos e que nos fazem estressar. Ter tempo sobrando, tempo à toa.
Muitas vezes, o pouco que podemos fazer nesse sentido abrimos mão por pura desatenção. Não atentamos para as pequenas alterações que poderíamos fazer em nossa vida e que produziriam grandes resultados. Preferimos ficar na mesmice de sempre. Teleguiados pelo relógio, pelas tarefas que nos impomos automaticamente, como se nosso mundo girasse em torno daquela imutável rotina. 
Quando o comodismo se instala, ficamos poli-queixosos, reclamando do que nos aprisiona sem perceber que nós mesmos nos conduzimos à isso. Ligamos o automático, e, entra semana e sai semana, os anos passam, a vida também. Deixamos de valorizar momentos preciosos, perdemos tempo com bobagens, não aproveitamos o 'estar aqui agora'. Deixamos de nos envolver com as pessoas. Quantas vezes vejo pessoas falando ou ouvindo sem olhar para quem está à sua frente, com o olhar disperso, 'em outro mundo'. Observe-se. Se isso acontece com você, creio que está na hora de parar tudo e avaliar a vida. Será que estou vivendo mesmo? Este termo está bem empregado nesse caso?
Mudar de vida não precisa ser algo tão amplo. Comece a se observar, sinta-se, veja o que lhe falta. Pequenas alterações podem resultar em grande resultado positivo. Como está nas bocas hoje, dar um upgrade na vida, reencontrar-se com seus desejos. Um excelente exercício nesse sentido é avaliar o que você queria há um tempo atrás. Conseguiu realizar? Não? Por que? E assim chegar a algum entendimento de como você está indo, aqui, agora, nessa vida que você tem. Pretender mudar de vida, nada mais é do que encontrar o que se quer, o que nos move. Mudar de vida envolve, primeiro e às vezes, tão somente, mudar de atitude.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Pessoas Invejosas



O indivíduo invejoso sente um grande incômodo com a felicidade dos outros. É como se uma tensão pelo que o outro realiza o dominasse. A análise da inveja e a dos sujeitos acometidos por ela, pela Psicanálise, é extremamente complexa. Anos de análise se fariam necessários. São pessoas frustradas, vítimas infelizes e constantemente insatisfeitas.
A personalidade histérica está presente no invejoso. Por definição o neurótico histérico é aquele que não goza e não quer que os outros gozem. Não somente o gozo sexual; também este; inclusive, aspectos sexuais não resolvidos certamente estão presentes na personalidade invejosa. Vale citar que quando falo em gozar, refiro-me sobretudo ao sentido amplo do gozo em Freud, para quem a sexualidade ultrapassa a sexualidade meramente genital.
Do ponto de vista mais prático, percebe-se que as pessoas invejosas estão completamente desconectadas de sua própria vida; é como se não soubessem de onde vieram e para onde estão indo. Não reconhecem claramente os seus desejos e, quando assim o fazem, parecem não assumi-los ou acreditar que não tem condições de realizá-los. Assim, se aterrorizam diante do prazer do outro. É o seguinte funcionamento psíquico: "Se eu não sei, não assumo, ou não consigo realizar os meus desejos, o outro também não pode". Apreciar o outro gozando, no sentido amplo - a vida - me causa dor e escancara a minha insatisfação. Não  me perdoo por isso, porém, como nem consigo assumir o que me move, fica estabelecida de imediato, a impossibilidade de mudança.
Pessoas assim passam a vida inteira sofrendo pelo que não foram. Como estão distanciadas de seus desejos, sua insatisfação fica absurda e se estende para a totalidade da vida.
É obvio que nem sempre é possível satisfazer nossos impulsos e desejos no momento em que queremos, mas parece que o invejoso nunca consegue satisfazer seus desejos, daí seu nível de insatisfação com a própria vida ficar, sob o ponto de vista do equilíbrio psíquico, inaceitável, promovendo um grande nível de desconforto, angústia e sofrimento. Para aliviar essa carga não resolvida, muitas vezes, os invejosos se valem de fofocas para terceiros sobre o objeto de sua inveja.
É mais comum estarmos cercados pelo invejoso. Quase sempre ele é uma pessoa próxima, do nosso convívio. Fora esses, as celebridades, pessoas famosas de reconhecido sucesso, bem sucedidas, também são alvo de inveja. Porém, para o dodói invejoso, seus alvos preferidos realmente são os mais próximos.

domingo, 12 de maio de 2013

Quase Nunca Dá Certo Amar Demais





Amar demais quase nunca dá certo. A começar pelo que nos motiva a amar demais. Em geral, um problema de fundo já estava instalado, sem percebermos, quando nos encontramos nessa situação.
Amar demais não dá certo porque propicia de imediato um abandono de si mesmo, uma falta de cuidado com  nossas necessidades, um esquecimento de nossos desejos genuínos.
Amar demais lembra sofrer demais. Uma angústia sem fim, um desassossego da alma, situação enfraquecedora do ego. Encontrar-se nessa situação é premissa de graves problemas futuros à nível emocional. Perde-se a já baixa auto estima, sentencia-se uma culpa sem fim por não dar conta das inúmeras cobranças do objeto desse amor perverso.
O mais grave de amar demais, bem dito, de forma errada, doentia, é que nessa situação é fácil perder-se o sentido da própria vida para assumir uma condição de ser que vive à sombra do outro, à espera do alimento que lhe é oferecido, como migalhas de amor.
Com o tempo, a pessoa que ama demais, de forma errada, onde anula-se enquanto pessoa, fica atingida ideologicamente em suas crenças de forma a acreditar que nada mais lhe resta; torna-se dependente de algo que não lhe dão, contrário à uma relação onde o afeto deveria ser trocado.
Predomina ainda nesse contexto, uma imensa dor emocional, um padecimento sem fim. Altera-se o sono, a fome, a produtividade, a alegria, as amizades. Tudo vai ficando cinza...
Aos poucos tem-se a impressão de que não há solução; nada mais resta, só o eterno penar diante da incapacidade de reagir à situação. Engano. A solução existe. É possível. Mas não sem mudar crenças que sem perceber foram instaladas por conta da dificuldade de se perceber o contexto. Ou seja, como não se dá de pronto o conhecimento de que há algo errado (até porque essa verdade assombra), perdeu-se um bom tempo fugindo-se neuroticamente da realidade e com isso fragilizando-se; o ego está em frangalhos. Logo, o primeiro passo é este. O resgate do próprio ego. Situar-se como alguém independente com desejos e necessidades próprios, seres merecedores de respeito pela simples condição de assumir esses desejos frente ao outro.
Dizer não, basta, já chega. Podar, cortar, sumir se necessário. Afastar-se do objeto de seu amor distorcido. Não ceder à falsas promessas de mudança, encarar definitivamente a realidade. Chorar todas as lágrimas. Suportar. Valer-se do apoio de uma rede de proteção, de amigos. Valer-se da terapia. Encarar suas verdades, suas fraquezas. Encarar da melhor forma, da forma mais saudável, para si mesmo. Esse processo levará à uma mudança. Não sem dor. Mas ela é necessária. Porém, existe a possibilidade de ela ser a última, a definitiva.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O Melhor Pão de Paris


O Vencedor
Imagine o que é eleger o melhor pão em um lugar que respira pão. Em Paris, o amor pelo alimento mais simples já inventado pelas mãos humanas é imensurável. Tanto é assim que até a gigante do fast food McDonald's rendeu-se à paixão dos franceses e teve que abrir uma típica boulangerie em plena avenida Champs Elyseés. Repleta de baguetes, croisants, macarrons e todas as delícias que o parisiense aprecia com um maravilhoso café.
Os critérios para o concurso são bem rigorosos. O pão é avaliado pela aparência, pelo peso, pelo comprimento, pelo tato, pelo sabor, pelo cheiro.
Surprenamment, quem ganhou a acirrada disputa foi o tunisiano Ridha Khadher que trabalhou duro desde os quinze anos, cumprindo a trajetória bem típica de um imigrante em um solo nada amistoso como o francês, conhecido por seu eterno bairrismo.
Na entrevista concedida pelo ganhador, fica a lição da persistência e do amor pelo que faz. Nem a dura jornada, com a rotina de levantar sempre cedinho (muito cedinho) para trabalhar, o impediu de chegar ao topo e receber os louros pela sua conquista. Chamaram atenção para o fato de que a padaria ganhadora será a fornecedora de pão ao presidente durante um ano. Mas, quem é um "simples" presidente diante de uma multidão de apaixonados por pão?

Trabalho: Fonte de prazer ou de dor?


           
Todos temos que produzir de alguma maneira, independente da idade que tivermos.
Basta sairmos do conforto materno, sairmos da condição de bebês, já somos levados à, de alguma forma, desenvolver atividades.
Por conta de como a vida é formatada hoje, todos trabalhamos e as crianças cada vez mais cedo estão partindo para a luta. Luta sim, ou você pensa que é legal acordar cedinho e ter que ir para a escola ou para a creche?
Paciência, papai tem que trabalhar, mamãe idem, temos que ser produtivos e ainda ter tempo para sermos felizes.
Quanto mais cedo passamos à nossas crianças esses valores em relação à trabalho, mais fácil ficará para eles, no futuro breve, encarar suas jornadas, aceitar que é fato cabal a necessidade de se envolver em um projeto, dar um norte à uma atividade que garantirá não só o sustento mas também será fonte de prazer. O contrário é verdadeiro: Trabalhar no que não se gosta, só para 'bater ponto' é fonte de eterna tortura, podendo desencadear graves problemas emocionais, já que salvo raríssimas exceções trabalho sempre é fonte de estresse.
Quando nos envolvemos em algo que gostamos, tudo fica mais fácil. Não que sempre seja possível estar de bem com a vida, com o trabalho, mas ter paixão pelo que se faz nos conduz naturalmente a resultados melhores e, caso estes não aconteçam na hora ou da forma que queremos, conseguimos elaborar e não achar que é o fim do mundo quando o resultado do nosso esforço não se traduz em  louros de vitória.
A propósito, ‘não chorar o leite derramado’ é sinal de maturidade. Quando crianças, batemos o pé caso nossos desejos não sejam satisfeitos. Quando amadurecemos, entendemos que o vai e vem da vida comporta ganhos e perdas, erros e acertos. No trabalho e na vida. Ao absorvermos essa realidade, conseguimos relaxar e conduzir melhor o processo em direção à nossos objetivos. Detalhe: Sem pressa e sem pressão.

domingo, 5 de maio de 2013

Em Fortaleza


A Prova
                                                                   
Alguns dias ilhada devido a um contrato não cumprido unilateralmente fiquei sem internet. Logo em um momento que pensava que iria pelo menos produzir um texto por dia, já que não tinha compromissos com horários.
Essa privação me fez pensar em como pode ser difícil lidar com pessoas ignorantes. Não falo aqui de pessoas incultas, no sentido de não conhecimento, ausência de conhecimento, ignorar situação ou fato. Falo da forma pior de ignorância, de pessoas mal educadas, intratáveis ou até intragáveis sob meu ponto de vista.
Como estou acostumada a fazer “o jogo do contente” em situações desagradáveis, o que me permite muitas vezes sobreviver a elas (às situações), poupei-me do esforço de tentar conduzir a situação pessoalmente para resolver o assunto. Tratei de por na linha de frente minha turma, a que me acompanha e que também estava igualmente ilhada pela falta de conexão.
Interessante perceber como a maioria das pessoas atua no sentido de “deixar pra lá” quando algo lhes incomoda, porém é essa atitude que dá aos outros o poder que eles não têm. Cheios de razão, os enganadores, se assim posso chamar vão seguindo e realizando seu plano de enganação. Comigo não, doutor!
No atual jogo de esperteza, da vontade imensurável de se dar bem, de levar vantagem, tentam e vão lesando quem atravessar placidamente seu caminho.  Se você não treina para fazer valer seus direitos, pouco vai conseguir pela honestidade ou fidelidade espontânea das pessoas. Parece que a cultura do “enganei aquele otário”, é o que estimula essas pessoas.
Quando questionadas, reagem violentamente, com palavras duras, ofensivas, para intimidar. Pelo telefone, por bilhete, escondendo-se em palavras cortantes, objetivam ganhar o que se tornou uma espécie de jogo. Pessoas assim podem atravessar o meu caminho uma vez, mas somente uma vez terão o súbito prazer de ter tentado me enganar. Não permito e não permitirei. E assim elas ficarão livres para enganar outro, pois a mim nunca terão nem mais acesso.
Minhas mil desculpas as pessoas que não conseguiram nesses cinco dias se comunicar comigo. Agora o problema foi resolvido. Do contrário, vou parar no PROCON.