terça-feira, 28 de maio de 2013



Em todos esses anos de prática clínica, uma única vez recebi uma pessoa que tinha como finalidade ao fazer terapia "apenas" se conhecer. Todos os demais vieram por situações, sintomas, padecimentos. 
Quantas vezes já ouvimos falar que 'o corpo fala'? O corpo não só fala, como grita, e às vezes até agoniza!
Os sintomas surgem com a função de sinalizar que algo não vai bem. No plano psíquico, é o encontro do sujeito com algo que ele não consegue no momento dizer, não consegue expressar para si mesmo. Depressão, fobia, inibição, angústia, apatia, disfunções sexuais, sintomas somáticos que afetam órgãos, e outros tantos mais e inumeráveis. A interpretação dos sintomas é sempre subjetiva, levando em consideração que cada ser é único, com particular história de vida.
Chega a ser compreensível que no corre-corre da vida não priorizemos os nossos sinais. Eles se pronunciam bem precocemente quando algo não está de acordo com nossos desejos. Primeiro tentamos excluir, contornar, fugir, disfarçar, para só depois, em um momento posterior (quando a dor já está instalada) admitir que há algo errado e encarar (nem sempre).
Passamos a vida a adiar. Adiar nosso auto-conhecimento, a realização de nossos desejos, o enfrentamento de nossas angústias. Alguns chegam a ser tão bons nesse particular - o do disfarce -, que passam uma vida toda acreditando neuroticamente em uma condição de felicidade inexistente. Agem como atores que representam um papel muito bem ensaiado e portanto convincente de sua história. Como se suas vidas fossem uma interminável peça teatral, com vários atos e estes sempre simbolizam o que de melhor a vida pode oferecer. Mas no seu interior, é uma verdadeira tristeza, às vezes desintegração. Não passam no teste do quarto escuro. Imaginem ficar em um quarto sem luz, sem barulho, sozinhos com seus pensamentos e estes lhe levarem à uma inigualável condição de paz interior, nada o perturba, o momento e a vida são perfeitos. Este seria o teste. Pena que nós, pobres mortais, não tenhamos consciência de quão rápida é nossa vida, que, como disse o poeta, é um 'sopro'. 
Os sintomas surgem com a função de sinalizar que algo não vai bem. O sintoma sempre comporta uma verdade e por isso 'pede' uma interpretação. As pessoas tendem a achar no sintoma um problema; ao contrário, ele é muito mais uma solução. Se conscientes disso, conseguiremos viver, e não representar,  para nós mesmos e para os outros, no palco de nossa vida.
Meramente ilustrativo, pois não existe de forma alguma essa relação de causa e efeito (se assim fosse seria muito fácil), eis o texto abaixo (autor desconhecido, circula na internet). Lembrando: Os sintomas na sua representação e sua leitura são sempre subjetivos.



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