terça-feira, 1 de novembro de 2016

Sobre Coragem



Aristóteles disse que a coragem é a primeira de todas as qualidades humanas porque garante todas as outras. De coragem, assim como de amor, estamos todos (e sempre) precisados!
Eu, você e os demais, sem coragem nem levantamos da cama. Coragem não é um conceito épico, coragem é o nosso dia-a-dia, nosso 'feijão com arroz'.
Se definirmos coragem como algo grandioso, que nos arrebatará de uma condição atual desfavorável ou negativa, criamos algo muito distante de nós; ao contrário, se conseguimos identificar nossos pequenos atos cotidianos como atos de coragem, tudo ficará mais ameno e fácil!
Viver por si só já é um ato de coragem. Se percebermos que em várias de nossas ações a empreendemos, enfrentando situações que exigem determinação, conseguimos incluí-la como uma de nossas qualidades.
Apesar da preguiça que pode por vezes acometer, o medo que pode vir e se  instalar, os riscos ou perigos ocorridos, seguir em frente é um ato de coragem. Prosseguir sem se deixar levar pela desistência é um ato de coragem. Imaginar um futuro, seja imediato ou a longo prazo e levar adiante planos e projetos é um ato de coragem. Às vezes, a falta de coragem vem da recusa em se sair da zona de conforto. Ter coragem pressupõe inquietar-se com algo e assim partir para a mudança.
A coragem tem que vir de dentro, ser cultivada de forma individual, pois quase sempre existe alguém rondando para, direta ou indiretamente, tentar sabotar as pequenas iniciativas que definem a coragem nossa de cada dia. Como diz a música: "é preciso estar atento e forte!"
Para tudo na vida temos que ter coragem. Para amar, pois corremos o risco de sofrer. Para ter um filho, pois certamente sofreremos (cada um sabe a dor e a delícia que é ter filhos e todos os seus 'comemorativos'). Para trabalhar, é preciso ter coragem. Para empreender em um projeto novo, é preciso ter coragem. Mas, diante das incertezas da vida, parece que não nos sobram muitas alternativas. Ou seja, ou seguimos em frente, ou seguimos em frente!
Parar por medo? Parar porque não temos controle quanto aos possíveis resultados? Parar por preguiça? Mais vale uma pseudo coragem para nos apoiar do que uma declarada covardia.
Viver com coragem não faz de nós heróis; viver com coragem faz de nós sobreviventes. Ao sobreviver às dificuldades naturais, inerentes à vida, conseguimos impulsionar cada vez mais a coragem necessária para prosseguir e ampliar nossas conquistas, lembrando que estas devem se dar primeiramente à nível íntimo, pois de nada adianta ostentar uma aparência de bem-estar e felicidade com seu castelo interno desmoronando.

terça-feira, 26 de julho de 2016

A Doença É Você



Sempre falei para meus pacientes: 'não tenham raiva dos seus sintomas! Eles querem lhe mostrar algo que vocês não estão vendo!'
Há sempre uma 'boa intenção' por trás de um sintoma. O sintoma 'fala' o que a pessoa 'cala'.
A rotina do dia a dia, a busca pela tão almejada felicidade, muitas vezes nos impede de parar e avaliar nosso momento de vida. É como se ligássemos o automático e nos distanciássemos do tão necessário olhar sobre si mesmo.
O processo de reconhecimento de um sintoma nem sempre é fácil. Isso porque a maioria das pessoas confunde sintoma com doença. O sintoma é aquele alerta disparado quando algo na vida não vai bem; quando se está colocando para debaixo do tapete as insatisfações que estão assolando a vida; quando as emoções estão contidas e os desejos reprimidos.
Outra atitude que atrapalha o reconhecimento do sintoma são as formas precipitadas de tratá-los. Em geral, em um primeiro sinal de alerta, na primeira dor, a ação escolhida é abafá-la; ninguém está, inicialmente, disposto a decifrar as mensagens que o sintoma emite. Ao contrário, é comum querer rapidamente fugir da situação de desconforto; o procedimento é inverso, ou seja, usa-se toda a energia para escamotear os sintomas e então, só em último caso, depois de visitas intermináveis em especialistas médicos diversos e a realização de todos os exames sofisticados possíveis e ainda, da ingestão de um arsenal de medicamentos prescritos numa ação de ensaio e erro, é que se vai correr atrás do prejuízo, isto é, tentar entender a mensagem que o sintoma emite.
Muitas variáveis concorrem para essa situação. A primeira é que ninguém gosta minimamente de sofrer. Quanto mais rápido pudermos nos livrar de tudo aquilo que nos incomoda, melhor; tem o lobby da indústria farmacêutica, tem a opinião de terceiros, tudo isto adia o enfrentamento da situação, perde-se tempo, energia, esperança, dinheiro, mas tudo faz parte de um aprendizado, às vezes, o caminho aparentemente mais fácil não leva a bons resultados; às vezes, um certo grau  de sofrimento é necessário para conseguirmos mudar nossa maneira de enxergar nosso próprio funcionamento e também a própria vida.
A forma como tratamos nossas emoções define a facilidade ou dificuldade para o reconhecimento dos sintomas, condição primordial para o enfrentamento e remoção destes. A remoção não é o 'abafamento', a sumária exclusão; esta deve ser o caminho do entendimento de nossas verdades mais profundas, a cura! 

quarta-feira, 6 de julho de 2016

A Dor do Viver


Acabando cedo em um dia normal, por conta do mês de julho, liguei a tv e assisti uma reportagem que, entre tantas outras que assistimos todos os dias, me chamou atenção! Duas gerações de professoras (mãe e filha) falavam da depressão com que convivem. A mãe na faixa dos 50 anos e a filha na faixa dos 20. Sim, a moça tinha menos de 30 anos e já foi afastada do trabalho mais de cinco vezes por conta da depressão!
Fiquei refletindo sobre as possíveis causas da depressão da moça. É nela que quero me concentrar neste texto. 
Porque, tão jovem, a mesma já apresenta (visivelmente falando), tanta desesperança? Chegou a falar que não se imaginava voltando ao trabalho, ficando todas aquelas horas com aquelas crianças. Inevitavelmente pensei: 'será que ela deveria ser professora?'; 'será que ela gosta do que faz?'; 'tem habilidade, paciência, tranquilidade, para lidar com aqueles serezinhos naturalmente trabalhosos, por assim dizer?"
Sabemos que os professores estão entre as categorias profissionais mais desvalorizadas no país. Aliás, se pararmos para pensar um pouco acerca desse dado, ele explica muita coisa...
Baixos salários, falta de incentivo à uma melhor qualificação, reconhecimento precário, falta de condições adequadas e de material de trabalho, e muitas outras dificuldades enfrentadas por eles. Em um ambiente tão adverso, não é difícil entender como, em um cenário desses, desenvolve-se facilmente uma depressão. Começa com os pequenos desestímulos diários, alguns inerentes à atividade, passando pela completa desvinculação pessoal, onde a pessoa não tem como se sentir atraída para a profissão, embora ela possa ter vocação e 'amor' pelo que faz.
Motivos individuais, independente de contexto, certamente estão envolvidos no aparecimento e manutenção da depressão. Estes nunca devem ser desconsiderados e por esta razão, nunca pode-se prescindir da terapia psicológica. Depressão é coisa séria! Não adianta querer disfarçar com muletas químicas e pensar que estas promoverão a cura. Depressão, em alguns casos, acompanhará a pessoa por toda a sua vida. Quando se trata de depressão em um jovem, como no caso da professora em questão, que está praticamente começando sua vida laborativa, há que se pensar em adaptações, passando até mesmo por substituição da profissão por outra onde a pessoa se sinta mais confortável, onde ela conviva com menos estressores, onde ela possa vislumbrar a possibilidade de ser feliz. Insistir em desempenhar a profissão por razões de tempo (levou tantos anos para sua formação), por razões românticas (amor ao que faz) etc, só atrapalhará a vida da pessoa, chegando a inviabilizar, a longo prazo, qualquer outra atividade profissional. Insistir em uma situação que só está promovendo sofrimento é perder tempo, é anular todas as outras possibilidades que certamente existem. Em tempo, em relação a professora jovem do texto, desejo que a mesma não fique como sua mãe (aquela da faixa dos 50 anos), cheia de remédios que nada mais são do que paliativos para a dor do viver.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

"Se Quiseres Suportar a Vida, Fica Pronto para Aceitar a Morte." Sigmund Freud.


Tema tabu em nosso círculo, porém mais presente do que qualquer outro, a morte sempre suscitou reflexões. Assim como a vida, ela é o único fenômeno que nos une; situação pela qual todos nós passaremos um dia. 
Para começar vale lembrar que, na melhor das hipóteses viveremos bem... Na melhor das hipóteses seremos felizes...
Todos nós morreremos um dia; todos nós teremos que lidar um dia, não com a ideia de morte, mas com a morte em si! A nossa, em um dado momento (caso não desapareçamos rápido em um acidente), ou de alguém querido.
Lidamos com a morte todos os dias; vivendo em grandes cidades, é só ligar a televisão e ver/ouvir que alguém se foi; violência e doenças fatais são a pauta de todos os dias.
Mas, o que fazer, como lidar com a morte de alguém próximo? Como encarar o fato irrefutável que você está perdendo alguém importante para si?
Como mãe de quatro caras a quem amo muito, sempre desejei com todas as minhas forças, partir antes deles! Que nunca eu precise passar pelo infortúnio de perder meus filhos! Mas, sempre precederemos alguém. Poderão ser nossos pais, amigos, mestres, pessoas a quem admiramos.
A vida não é um playground onde nos divertiremos sempre como se não houvesse nela dor. A vida é feita de adversidades. A vida é, paradoxalmente, também feita de morte!
Vinícius de Moraes, um dia, sabiamente percebeu que "a morte é a angústia de quem vive"! Sim, todos nós, por mais preparados que nos julguemos ser, nunca estaremos suficientemente 'zens' diante da morte. Algumas pessoas dispõem de paliativos, como algo que chamamos fé, religião, mas acho que o que nos ajuda a lidar com a morte é a vida!
A vida, mesmo cheia de dúvidas, de trabalho, de angústias, de traições, de dificuldades, se sobrepõe à morte! Sempre penso que se todos um dia vamos morrer, o que fará a diferença é a vida! Nosso fim é a morte, nossa vida é que pautará a forma como encararemos o fim. Para nós e para os que amamos.
Que confortador, ao chegar ao fim, percebermos que nós ou nossos queridos, tivemos uma vida que valeu a pena ser vivida! Que maravilhoso confirmar que conseguimos passar e deixar um rastro de algo imaterial: sentimentos, alegrias, leveza, troca, ajuda! Que inteligente reconhecer quais são os mais valiosos itens da herança que fica. Nada podemos fazer diante do inevitável que se aproxima! O que poderíamos ter feito já deveríamos ter feito. A vida acontece a todo momento, nunca devemos adiá-la, pois não sabemos o exato momento de seu fim.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Repressão: manifestações e 'graus'.


Será correto falar em 'graus' de repressão? Seríamos todos mais ou menos reprimidos? Depende do que utilizamos para responder essas questões.
Do ponto de vista pessoal, individual, subjetivo, poderíamos dizer que não; algumas pessoas, por sentirem-se interna e interiormente completamente livres (e essa é uma sensação, nem sempre um fato), podem não ser consideradas reprimidas. De outro ângulo, pensando que vivemos em sociedade e que apenas por esta razão não podemos fazer 'o que nos dá na telha', a resposta seria sim, somos reprimidos!
Mas como equilibrar esses supostos 'graus' de repressão a fim de não sacrificar a liberdade individual mas também permitir que possamos conviver com os demais? Em que momento se dá essa divisão que proporciona uma certa estabilidade no ser?
Mesmo sem perceber, todos nós temos impulsos sombrios armazenados bem no fundo, aqueles que não suportamos encarar e assim reprimimos por necessidade. É um processo inconsciente que concorre para o equilíbrio do nosso psiquismo; não temos consciência de que isso é feito, mas é essa 'repressão' que muitas vezes impede que enlouqueçamos.
Em nosso ser habita sentimentos contraditórios e muitas vezes inaceitáveis aos olhos dos outros, mas essas formas de sentir atuam para nos manter saudáveis psicologicamente, ou menos doentes. 
Em situação terapêutica, são esses conteúdos reprimidos, muitas vezes considerados culpados por sintomas que o paciente apresenta, que precisam vir à tona através de insights para promover a 'cura'. Às vezes esses conteúdos, aos olhos da consciência, são tão absurdos e inaceitáveis que atrapalham e retardam o processo de tornar consciente o inconsciente, objetivo último da análise.
Como exemplo, temos um clássico da clínica psicanalítica, o 'odiar a mãe'! Quão necessário, em muitos momentos, esse sentimento foi, mas quão abominável ele é, e por essa razão, tão difícil de assumir! Para amenizar, pensemos que em termos psíquicos, tudo se encaixa, tudo é analisado historicamente, tudo tem seu sentido e sua razão de ser.
A necessidade desses conteúdos reprimidos serem objeto da análise explica-se pela impossibilidade do sujeito de encontrar-se plena e totalmente caso isso não seja feito. Por esta razão, conseguimos identificar pessoas que muita vezes passam a vida em branco, pela dificuldade que têm em enxergar-se! É como se essas pessoas se utilizassem de um grande tapete onde, para baixo do mesmo, colocam todas as suas insatisfações não assumidas. São grandes atores, porém esquecem que sua única chance de realização emocional seria a de viver o único papel que realmente lhes cabe, a de seu próprio personagem.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

"Menos Uma".


Outro dia li algo, de um jornalista de meia-idade, lembrando-se de seu pai; este dizia, que cada vez que seu pai fazia a barba, o mesmo falava: 'menos uma'! Em princípio achei chocante, pois remetia diretamente à proximidade da morte, ou seja, cada vez que ela fazia 'mais uma barba', esta era 'menos uma' (na vida).
Num segundo momento, pus-me a pensar para achar um sentido naquela frase e percebi que não adianta fazermos 'o jogo do contente' em relação à morte, no entanto se tivermos a consciência bem tranquila em relação à nossa finitude, certamente teremos melhores condições para lidar com a irrefutável verdade da vida, a morte!
A vida é, como numa peça de teatro, feita de atos; alguns maiores, outros pequenos, porém todos com sua relativa importância. Os problemas começam quando passamos a valorizar atos mais importantes em detrimento dos menos importantes; os problemas começam quando começamos a confundir qualidade e quantidade; quando creditamos e deslocamos para o exterior, papéis que deveriam ser desempenhados por nós.
Convivemos hoje com muitos elementos alienantes, o que dificulta extremamente uma tomada de consciência do que realmente necessitamos. Satisfazemos desejos e logo os substituímos por outros, em uma corrida que não tem fim. Encarar nossa fatal finitude não precisa produzir desespero, ao contrário, pode nos ajudar a desenvolver uma espécie de habilidade para identificar o que realmente importa. Poderíamos assim aprender a valorizar apenas o que acrescenta o interior, desprezando as aparências.
A vida é breve e nunca se sabe quando ela findará, por esta razão, ela está sempre precisando ser atualizada. Precisamos checar as expectativas, os desejos, metas e objetivos pessoais. Precisamos avaliar se estamos vivendo por nós; se estamos desviando do que queremos, do que nos faz e fará bem. Precisamos aprender a discriminar 'o que é meu e o que é do outro', em relação à vontades; como não vivemos sós, em uma ilha, podemos ser influenciados por desejos que não são os nossos e corremos o risco de embarcar no navio dos sonhos alheios.
A questão que se coloca, a partir da reflexão da 'menos uma', é, que se a morte concreta acaba com nossa vida, a ideia de morte, pode nos ajudar a viver melhor!
"Tu tens um medo: acabar!
  Não vês que acabas todo o dia.
  Que morres no amor.
  Na tristeza.
  Na dúvida.
  No desejo.
  Que te renoves todo o dia.
  Na tristeza.
  No amor.
  No desejo." Cecília Meireles.

terça-feira, 3 de maio de 2016

O Tormento do Zumbido



"Se o meu zumbido não tem cura, como posso conviver com ele?"; "Sentir esse barulho é enlouquecedor"; " Não dá para viver assim, eu não tenho paz!". Essas são algumas das frases que ouvi quando tive a oportunidade de atender pacientes que sofriam dessa condição que atinge, no mundo, cerca de 278 milhões de pessoas, 28 milhões só no Brasil. Apesar de não ser considerado uma doença e sim um sintoma, o zumbido é considerado um grave problema de saúde por conta dos desdobramentos que ele provoca.
Zumbidos no ouvido podem ter várias causas, desde infecções ou lesões no ouvido até condições ambientais, onde pessoas foram expostas de forma prolongada ou contínua a sons acima de 85 decibéis. 
Condições de perdas auditivas cursam em paralelo com zumbidos de alta intensidade no ouvido, o que, em última instância, concorre para um desequilíbrio considerável do indivíduo acometido; falo aqui não só do equilíbrio físico propriamente dito (este está presente na quase totalidade dos casos, principalmente na fase inicial, do aparecimento do sintoma, quando o indivíduo ainda não se submeteu a nenhum tratamento,por conta do comprometimento do nervo vestibular, responsável pelo equilíbrio do corpo) mas também a nível psíquico, pois zumbidos no ouvido causam um desconforto tão grande, que muitas vezes só pode ser aliviado, quase nunca totalmente suprimido, por medicações neurológicas ou psiquiátricas pesadas.
Quais as implicações maiores dos zumbidos a nível psicológico?
Portadores desse sintoma vivem sob estresse contínuo! A título de comparação, lembre do quanto você fica perturbado quando exposto a um barulho externo, do ambiente, por algum tempo; se este tipo de barulho já incomoda, imagine ter que conviver, quase sempre ininterruptamente, com barulhos internos, vindos de sua 'cabeça', descritos como "barulho de motocicleta, barulho de cigarra, chiado, panela de pressão, cachoeira, etc...". 
Essa condição produz uma fragilidade no sujeito ao ponto de oportunizar o desenvolvimento de quadros psicológicos de depressão e ansiedade; pacientes com um grau de tolerância pequeno aos zumbidos não podem prescindir de tratamento psicoterápico contínuo a fim de ajudá-lo a conviver com essa situação tão adversa. Zumbidos promovem desequilíbrio e sofrimento; como têm um prognóstico reservado em relação à melhora e cura, esses pacientes precisam aprender a conviver e a serem felizes apesar dos zumbidos. É difícil mas não impossível; vai depender do grau de comprometimento psicológico do mesmo com a situação; vai depender do grau de entendimento do mesmo acerca das mazelas que nós, seres humanos, às vezes temos que conviver na vida.
Uma parcela significativa de portadores de zumbido parece querer sucumbir, inclusive não encontrando mais razão para viver e buscando o suicídio. Existem, nesse sentido, grupos de apoio a portadores de zumbido, nos moldes dos Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos. Nesses grupos, muitas vezes os pacientes conseguem descobrir uma razão para continuar, através da troca rica de experiência e pelo olhar de que não estão sós.
 

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Mudanças



Ousadia, audácia. Essas são as características necessárias para promover mudanças na vida.
Desde a infância, o ser humano precisa se assegurar de determinadas condições para viver bem, mas, paradoxalmente, na vida adulta, é a capacidade de se reinventar, de sair da mesmice, do engessamento, que produz as melhores sensações de encontrar-se vivo e em atividade!
Construímos as rotinas para tornar a vida mais prática, funcional, mas muitas vezes somos engolidos por elas; traçamos trilhas conhecidas para ter uma maior sensação de segurança, mas somos pegos de surpresa pelos acasos. Na vida nada é permanente; nossa ilusão de controle sobre ela, muitas vezes nos faz pensar na imutabilidade das coisas mas de repente, quando no exterior está tudo arrumadinho, vem o interior e incomoda.
A sensação de que tudo está bem definido é substituída por um turbilhão de desconfortos internos que impulsionam às mudanças. Por esta razão se escuta falar em crises: crise da adolescência, crise da meia-idade, crise da velhice etc... Todas essas 'crises' não passam de condições normativas na vida das pessoas. Devemos achar negativo quando elas não se instalam, pois aí sim, é sinal de que a vida está passando em branco.
Quem nunca, em nenhum momento pensou em romper com tudo? Implementar uma mudança radical? Passar para um outro nível?
Quem nunca se sentiu incomodado com a monotonia dos dias comuns, com o status de vida que permanece inalterado?
Mudar requer sobretudo coragem! Principalmente porque nunca sabemos os riscos implicados na mudança. Porém, quando a vida dá sinais de que não está bem, quando a pessoa encontra-se em estado de dessintonia com si mesma, é hora de arriscar!
A vida, com sua imprevisibilidade, corrobora para esse passo seguinte. O entendimento é: 'como não temos mesmo, no final das contas, segurança completa dos resultados das nossas atitudes, das nossas empreitadas, em um cenário de descontentamento, é melhor arriscar uma mudança do que continuar infeliz. Essa atitude serve para vários aspectos da vida. No trabalho, em relacionamentos amorosos, nas amizades, etc.
Quanto  mais tempo usamos para postergar esse enfrentamento, maior é o sofrimento envolvido e maior a sensação (muitas vezes falsa) de fragilidade. Nunca teremos certeza absoluta do efeito das nossas ações, por esta razão, em uma situação de insatisfação, vale a pena vestir-se das características mencionadas no início deste texto (ousadia e audácia) e seguir em frente! Sem medo de errar, desprovidos da falsa sensação de fragilidade e incompetência para gerir nossa (nova) vida.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Nenhum CNPJ vale um AVC



A frase que dá título a este texto circula na internet, de autor desconhecido. Não acredito que essa é uma fatalidade, no sentido de que todos aqueles que ousaram ser guerreiros empresários tenham esse triste fim, mas sim porque a frase ilustra e chama a atenção para uma armadilha que pode ser criada na busca pelo sucesso financeiro.
Na empolgação de conquistar mais e mais, algumas pessoas acabam aprisionadas em uma rotina de trabalho exagerado, onde o que tem importância é somente a dedicação com a finalidade de obter lucro.
Triste ver vidas resumirem-se a uma ambição desmedida; entra-se em um processo de alienação total; primeiramente, instala-se um esquecimento de si mesmo; família, filhos, amizades, vêm na sequência. Nada mais importa, só trabalhar, ganhar, acumular.
Não é errado querer prosperar na vida; errado é a prosperidade vir a um alto preço. As pessoas que entram nesse circulo vicioso, não têm discernimento do que acontece com elas próprias; é como se funcionassem no modo automático, não têm condições de perceber o que envolve essa complexa questão. Na vida, no aspecto profissional, é extramente positivo traçar metas, objetivando o crescimento pessoal e profissional. Quem não quer melhorar, lançar conquistas, realizar sonhos, muitos destes só proporcionados pelo trabalho duro e dedicado? Totalmente humano, porém há de se ter sensibilidade e estabelecer também um limite; é desse limite que a frase desse texto nos fala: não adianta prosperar e em seguida adoecer sem ter a chance de aproveitar o fruto de seu trabalho. A vida não se desenvolve de forma sequenciada, ela corre todas os dias, de forma dinâmica e entrelaçada. Quem traça a vida de uma forma inflexível, como, primeiro vou fazer isso, depois aquilo, quase sempre não consegue realizar a sequência definida.
Às vezes, só conseguimos despertar quando já é tarde demais, quando algum nível de estrago já foi feito! AVCs, infartos, depressões, e todo o tipo de mazelas podem advir de uma rotina pesada, estressante, sem sentido. Corre-se tanto, mas corre-se exatamente atrás de que? Essa é uma pergunta que todos nós deveríamos responder antes de cair em alguma cilada, ou  algo pior que possa custar nossa vida.
Quando há um esforço no sentido de equilibrar trabalho e vida, as chances de êxito pessoal, o que engloba tanto a 'felicidade' quanto a 'prosperidade' aumentam; quando o trabalho funciona 'a seu serviço', perfeito! quando, ao contrário, o trabalho funciona como uma violência cotidiana, abre-se portas para todo tipo de problemas de saúde emocional e física.



terça-feira, 29 de março de 2016

Os Meandros do Inconsciente



O inconsciente é mesmo uma figura!
Não no sentido literal, como algo material, desenhado, mas no sentido como usamos  a palavra na gíria e está explicado no dicionário. "Figura: algo ou alguém que se destaca."
Somos em parte comandados por ele, e não adianta discordar! Quem se julga extremamente racional, totalmente objetivo, controlador total de sua vida, infelizmente está a anos-luz atrasado!
Existe uma força que habita em nós, ou melhor, que nos constrói, chamada inconsciente!
Ele tem a principal função de promover o equilíbrio das nossas necessidades psíquicas, as quais damos o nome de desejos.
Quando Freud, ao abandonar a hipnose, propôs à seus pacientes, que lembrassem do fato traumático que poderia ter originado o sintoma ou sintomas por eles apresentados, estabeleceu-se ali, a importância do inconsciente. 
O inconsciente é a nossa caixinha das verdades. Ele é sábio, tem uma coerência própria e está pronto para nos preparar ciladas as quais, mais tarde, conseguiremos enxergar suas 'boas intenções.'
É como um fenômeno da natureza que, por mais que em uma análise inicial e precipitada, vemos tão somente prejuízos, em uma análise mais cuidadosa e detalhada, conseguimos ver o que está 'por trás' daquelas manifestações e o que elas querem nos 'ensinar'. É como se tivéssemos que decodificar mensagens e após este árduo trabalho, ganhar nosso prêmio: viver melhor.
A vida é breve, não estamos aqui a passeio, estamos a serviço! A serviço próprio, como self-service, em inglês! Como exemplo, cito que, às vezes permitimo-nos ser meros objetos decorativos na relação afetiva, mas ele - o inconsciente -, não perdoa! Mais tarde, nos apresentará a conta, por vezes caríssima, a pagar. Neste exemplo, uso a 'conta caríssima' porque, mesmo que você queira, seu 'pagamento' não pode ser feito de pronto. É algo espaçado ao longo de um determinado período que pode estender-se, no caso em questão, levado a futuros relacionamentos. São malas e kits que carregaremos por um longo período até entendermos os significados ocultos daquelas ações que nos permitimos fazer. É como um preço que se paga pela desatenção, pela falta de cuidado, de carinho com nós mesmos. Vai parecer (muito) estranho o que vou dizer, mas, se você tiver que escolher a quem fazer mal, do ponto de vista psíquico, escolha o outro, nunca você! Quando eu desrespeito meus desejos para atender o desejo do outro, a punição é severa! Os sintomas surgem, desabrocham, crescem, pululam...
A boa notícia é que, ao desvendar todo esse enigma, ganha-se, quase para sempre, um savoir faire para toda a vida! É como se ficasse implantado em nós, um chip que nos permitirá evitar cair em novas ciladas; conseguimos apurar nossas escolhas, nos blindamos a futuros fracassos. Ganhamos como bônus pelo sofrimento passado, o desenvolvimento dessa nova habilidade. O inconsciente é como o seu melhor amigo: ele é sincero, não está ali para massagear o seu ego mas lhe ajuda a crescer, o que na vida, é inevitável!

terça-feira, 8 de março de 2016

Sobre Mulheres



Independente de tempo e lugar, as mulheres sempre exerceram função importante na vida de quem as cerca.
Historicamente muitas mudanças ocorreram no imaginário que cerca esse papel. De poderosas matriarcas à submissas com elevado grau de anulação de si mesmas. De abnegadas donas do lar à competentes profissionais nas mais diversas áreas.
A cultura, a sociedade, sempre privilegia em determinado momento algo que interessa mais para a situação. Quem tiver interesse em debruçar-se sobre essas questões 'descobrirá' fatos interessantes.
Iniciamos as mudanças na Revolução Industrial; as consolidamos na 'revolução' sexual. Ao assumir suas escolhas, a mulher conduz a própria vida de maneira assertiva, mesmo diante de um (ainda) emaranhado de conceitos e pré-conceitos que a cerca. Dotar-se de poder de escolha tem um papel mais que absoluto na condição dos resultados das ações que se tem na vida. Sair do papel de vítimas indefesas, 'partir pra cima', enfrentar, confrontar, lutar, conseguir, ganhar.
Ao esconder-se sob as sombras das constituídas, dos estereótipos à elas atribuídos, as mulheres perdiam sua força, sua capacidade de enfrentamento e enfraqueciam-se. Hoje, nós mulheres já avançamos o suficiente para não mais recuar. Resquícios das sociedades machistas ainda nos perseguem, seja na desigualdade em relação aos homens, que atingem uma quase totalidade, como na questão salarial, seja na falta de confiança de algumas em si mesmas, como em algumas situações amorosas.
Sim, é triste constatar, mas mesmo com tantos caminhos percorridos, tantas lutas, tantas conquistas, tantos avanços, ainda hoje existem mulheres capazes de se anular por seus pares; triste ver uma individualidade perdida em detrimento do egoísmo e doença do outro. Quem se compraz com uma situação dessa, não ama, ao contrário, sofre de incapacidade de amar; tem a autoestima tão baixa que necessita que o outro dê um polimento a seu ego. Quantos casos acompanhei na clínica, envolvendo situações assim; quantas lágrimas derramadas, quantas vidas desperdiçadas, quanta oportunidade de crescimento pessoal jogada fora.
As mulheres, na particularidade do seu ser, transbordam riqueza! À elas foi oferecido o dom de gerar, e o fazem com maestria. Geram seus filhos, geram seus projetos, geram suas vidas; conseguem ser fortes nas dificuldades, dóceis em sonhar seus sonhos. Ser mulher nunca foi nem nunca será fácil... Ser mulher é um exercício, um laboratório de vida! Ser mulher é a síntese de tudo, mas é também o complexo!

sábado, 5 de março de 2016

Ser O Que Se É



Não há como passar por esta vida sem, amando, ter tido problemas de alguma natureza. Relacionar-se com o outro inclui administrar diferenças, nem que estas sejam mínimas.
Quando a pessoa associa amar com agregar, crescer, ser feliz, ter tranquilidade, formar parceria, e muitas outras situações que resultam em positivas, o amor parece valer a pena. Quando, ao contrário, o amor resulta mais em problemas do que em contentamentos, é hora de verificar a valia da relação.
Muitas bobagens já foram faladas por poetas acerca do amor; uma delas foi cunhada como: "é impossível ser feliz sozinho." Tom Jobim. Não. Não é impossível ser feliz sozinho, porém inegavelmente, uma parceria amorosa bem estabelecida, aquela que traz mais felicidade do que ansiedade, mais acréscimo do que diminuições, é certamente bem-vinda!
Na vida afetiva, não precisamos encontrar uma alma gêmea; quase sempre, uma alma já basta! Caras-metades não existem, pois pressupõe a incompletude do ser, além do que impõe uma carga enorme de responsabilidade ao outro, no relacionamento; se sou metade, espero que o outro me complete e, definitivamente esta não deve ser a meta de ninguém em um relacionamento, completar nada nem ninguém.
Infelizmente, muitas pessoas, mesmo inconscientemente, criam essa expectativa em relação a seu par afetivo, o que sem dúvida sobrecarrega o relacionamento, já que ninguém pode ser responsável pela felicidade de alguém que não a dele próprio.  
Ao dar-se o encontro afetivo, o ideal seria deixar correr solto, fluir, até mesmo para avaliar a condição do relacionamento se desenvolver a contento para os dois. Mas não, na etapa inicial do relacionamento, grande parte das pessoas faz joguinhos com o objetivo de querer impressionar o outro. Como digo, ninguém manda imprimir seus defeitos em um cartão pessoal; estes, ao contrário são camuflados ou mesmo propositadamente escondidos. Fingir algo que não se é nunca dá certo, pois o tempo tudo revela. Aí os problemas começam... Ainda bem, pois aquilo que começa tem chance de terminar, mas, ao desnudar o verdadeiro eu, damos oportunidade que o outro nos veja como realmente somos, sem disfarces. Fingir é adiar o inevitável. Fingir é perder tempo. Em um grau elevado, faz com que as pessoas se distanciem de quem elas são na verdade! Fingir demasiadamente adoece!
A riqueza dos relacionamentos, a despeito de qualquer perspectiva romântica do amor, a despeito do prazer ou sofrimento que eles podem vir a proporcionar, é a troca que eles permitem. Não é impossível ser feliz sozinho. Mas o amor, este é realmente fundamental!












segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O Que A Morte Ensina à Vida



A 'cerimônia' (que nome pomposo), de entrega do Oscar, em meio a tanto glamour e felicidade, ansiedade e expectativas dos presentes, concorrentes e convidados, faz uma homenagem todos os anos às pessoas ligadas ao cinema, que morreram naquele ano.
A morte chegará a todos nós, famosos ou anônimos, humildes ou esnobes, a diferença é que a morte de alguém famoso, conta com uma visibilidade que a dos demais não terá.
Existem muitas pessoas que não gostam de falar em morte, é um assunto tabu, como a sexualidade foi no séc XIX. A morte é a sexualidade do séc. XXI.
Mantendo o tema afastado, podemos pensar ou ter a ilusão de que ela não nos atingirá. É um mecanismo de negação, contudo, com repercussões extremamente negativas. Falar em morte, desmistificando-a é importante para alcançarmos a beleza da vida.
Na contraposição da morte/vida, conseguimos diagnosticar aspectos a serem valorizados na vida, mudanças a serem implementadas com o objetivo de viver melhor.
A consciência de nossa própria finitude nos leva automaticamente (ou deveria) a traçar planos para absorver da vida o que ela pode oferecer.
Vivemos engolidos pela rotina, muitas vezes estressante e desagradável. Como adultos, sabemos que não vivemos em um maravilhoso mundo cor de rosa. Como adultos, temos obrigações e tarefas a cumprir. As principais dizem respeito à nossa própria subsistência: trabalhamos, atuamos como pais, resolvemos (ou tentamos resolver) problemas e situações. Muitas dessas atividades de nossa rotina, nem sempre fazemos de bom grado, com prazer; oscilações nesse grau de contentamento no desempenho das tarefas da vida adulta é aceitável; o que não é aceitável, do ponto de vista psíquico, é passar uma vida violentando-se cotidianamente. Sim, porque ao permitir-nos todos os dias viver situações aversivas, desagradáveis, estamos nos violentando. Por algum momento ou razão, podemos até 'aguentar' essas situações, mas esse 'aguentar' não é gratuito! Há um preço a pagar, e às vezes caro! Todo ser humano adulto bem 'construído' digamos assim, tem um limite razoável para suportar adversidades e dificuldades. O que não pode acontecer é instalar-se uma aceitação eterna das situações adversas em nossa vida, pois corremos o risco de adoecer. Eu, pessoalmente, acredito que não há como escapar das mazelas psíquicas e orgânicas quando ultrapassamos nosso limite, quando desrespeitamos os sinais emitidos por nosso organismo de que algo não vai bem.
A maioria das pessoas, mesmo aquelas que têm conhecimento do funcionamento psíquico, teimam em desrespeitar esse limite, ignorando-o. Aí começam os problemas, com a possibilidade de alguns serem irreversíveis.
Quando apreciamos, como na 'cerimônia' do Oscar, as homenagens póstumas, vimos que aquelas vidas que ali estão sendo homenageadas, realmente viveram, construíram uma história, deixaram algo. Como famosos que foram, possivelmente serão lembrados por muito tempo e alguns até mesmo para sempre, pelas gerações futuras. Não devemos pretender tanto, mesmo porque o melhor da vida é ser feliz! Cada um a sua maneira! Fiquemos atentos para não cairmos nas ciladas que o esforço exagerado e a corrida ao sucesso podem nos levar. A vida se faz no dia a dia, a vida se faz agora! E o que a morte nos ensina, é que ela acaba.

* Vale a pena, lembrar aqui, as palavras de Steve Jobs, na proximidade de sua morte:
"Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo - expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar - caem diante da morte, deixando apenas o que é importante. Não há razão para não seguir o seu coração. Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração."

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Figurante na Própria Vida


Imaginemos a vida como um filme: tem um enredo, um roteiro, as ações, os momentos excitantes, os marasmos e tudo mais que compõe um  filme. No filme existe história, argumento, edição! Como pensar então, que, ao imaginar a vida como um filme, onde o personagem é você, possa ser entregue a um terceiro um protagonismo que deveria ser seu?
Não é difícil de acontecer, pois observo que existem pessoas que não assumem um papel de protagonistas em suas vidas; vivem na sombra de algo ou alguém, recusando-se a assumir um papel que deveria ser exclusivamente seu. Os demais, aqueles que as cercam é que deveriam ser coadjuvantes.
Figurantes não têm personalidade definida, singular; são seres definidos como 'mais um na multidão'; protagonistas são os atores principais; são aqueles que têm as rédeas da situação, as ideias e conceitos interessantes.
Vivemos muitas vezes em busca de algo que não temos muita clareza do que realmente seja; ao mesmo tempo que essa condição nos deixa perdidos, ela pode nos impulsionar para diferentes e várias ações, enquanto o discernimento completo e fechado não vem.
Nem sempre temos um propósito definido na vida. Isso necessariamente não precisa ser um problema. O  problema se estabelece quando, na falta deste propósito, nada fazemos, ficamos à espera de um milagre que altere o dia a dia, que altere a existência. Provavelmente esse milagre não ocorrerá já que somos nós mesmos que temos que partir em busca das mudanças que queremos na vida. Nunca esqueçamos: "do céu só cai chuva, e às vezes..."
Não podemos nos perder em intermináveis planejamentos. Planejamento sem ação é matéria vazia, é perda de tempo; sonhos são bem-vindos, mas viver imerso em eternas fantasias atrapalha. Da mesma forma, não é uma boa ideia levar a vida muito a sério, com um rigor excessivo; esse estado promove um nível exagerado de tensão e ansiedade e, a dificuldade em flexibilizar, acaba por diminuir nosso nível de satisfação; quando algo sai milimetricamente fora do imaginado, será o fim do mundo!
Viver é uma condição para todos os que respiram! Mas, o que seria viver na plenitude? Significa de vez em quando permitir-se arriscar; sair da zona de conforto e partir para situações e destinos desconhecidos; significa ousar, atirar-se em algo nunca visto!
O que estará por trás da dificuldade em arriscar, mudar o rumo? O medo, é claro, aquele nosso velho conhecido!
Para que, tanto medo? Sentir medo nos impede tão somente de viver, nenhuma vantagem adicional temos! Portanto, não pegue carona de ninguém; siga em frente, vá só! Enfrente, caminhe, tenha atitudes, trace objetivos, parta para algum lugar! Lembre-se por um fragmento de segundo que a vida é sua, e por esta razão você deve ser sempre personagem principal, protagonista, nunca figurante!