A característica principal dos sentimentos humanos é sua atemporalidade. Diria que estes surgiram com os neandertais, pois penso ser impossível uma espécie viver 150 mil anos, desprovido de qualquer 'sentimento'; não o mais primitivo de todos, o medo, mas os mais complexos e que hoje caracterizam e definem o homem moderno. Claro que em uma época remota da humanidade, o que prevaleciam eram os instintos, o de sobrevivência destacadamente, em função das inóspitas condições que nossos ancestrais viviam. Antes, estes 'precursores do homem moderno', eram considerados seres selvagens e embrutecidos, porém estudos recentes da Sociedade Americana de Paleontologia, baseados em evidências materiais, sugerem que eles eram muito mais 'inteligentes' do que se previa.
Especulações à parte, sentimentos como o orgulho e a vaidade podem ser observados historicamente com certa facilidade, acompanhando nossa 'espécie' seguramente desde a Antiguidade até hoje.
Por que nós, os seres humanos, somos afeitos a sentimentos que chegaram a ser considerados como 'os piores vícios da personalidade humana'? Quão dispostos estamos a viver no teatro que sustenta a imagem de felicidade que muitas vezes ostentamos se, no 'porão' estamos fechados e escuros?
No mundo de completa exposição em que vivemos, onde o sucesso parece ser medido pelas opiniões que os outros têm sobre nós, muitas pessoas vivem de aparências enquanto seu interior é corroído por angústias sem fim. Claro, o sucesso atrai e por isso fica estabelecida a questão: Como ser verdadeiro, não se preocupar com as aparências, diante da observação dos que nos cercam? Como escapar do 'julgamento' oferecido pela sociedade (distante) e até mesmo pela família e amigos (próximos) e continuar a refletir o que somos na verdade?
Nesse cenário, parece que o que menos importa é o que sentimos; a tranquilidade interior, a paz, a verdade, o que pulsa em nós; fica valendo o orgulho e a vaidade expressa, verdadeiros ímãs para o individualismo que inevitavelmente tanto nos afastará das pessoas quanto do que nos fará felizes. Enquanto abrirmos mão do que nos alimenta, privilegiando em nossa vida o orgulho e a vaidade, seguiremos cegos em direção ao que não importa, ao que nada concorre para reconhecermos nossas limitações, nossos fracassos, o que poderia nos ajudar no interminável processo de (re) construção na vida. Encarar nossos medos, fracassos e limitações concorre para nos tornarmos verdadeiros, nos fortalecermos, entender que de nada adianta vestir a máscara de falsos 'vitoriosos' enquanto tudo desmorona dentro e em volta de nós. Podemos enganar a todos, menos a nós mesmos, a não ser que estejamos profundamente doentes.